Casa Branca retoma planos de incluir ativista negra em cédula de dólar
Harriet Tubman substituirá presidente Andrew Jackson, criticado por sua propriedade de escravos e pelo tratamento dispensado a povos nativos
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira, 25, que vai reviver o projeto para incluir o retrato da ativista negra Harriet Tubman nas notas de 20 dólares, anunciou a Casa Branca.
“É importante que nossas cédulas e nosso dinheiro reflitam a história e a diversidade de nosso país”, disse o porta-voz presidencial Jen Psaki.
O projeto de lei redesenhado foi inicialmente revelado em 2020, mas esforços foram adiados pelo Tesouro depois que o ex-presidente Donald Trump os chamou de um exemplo de “correção política pura”.
Não ficou imediatamente claro o quanto esse impulso poderia ser acelerado devido à complexidade de redesenhar uma nova cédula com os recursos de segurança e medidas contra falsificação necessários. Uma fábrica de impressão de alta velocidade necessária para produzir uma nova nota de 20 dólares está atualmente programada para ser inaugurada em 2025.
O projeto nasceu durante a presidência de Barack Obama e fará de Tubman a primeira pessoa negra a aparecer em uma cédula americana.
O presidente Joe Biden, que foi vice de Obama, fez da diversidade uma peça central de sua administração, marcando um forte contraste com a administração Trump, que buscou minimizar o papel da escravidão na história do país.
Harriet Tubman
Tubman nasceu em Maryland, na década de 1820. Como escravizada, aos seis anos começou a trabalhar como servente doméstica. Aos 13, foi enviada para trabalhar nos campos da fazenda onde vivia.
Ela viu suas irmãs serem vendidas, os pais idosos trabalharem como escravos e carregou por toda a vida marcas físicas da escravidão: além das cicatrizes deixadas por chicotes, ela ganhou uma deficiência permanente depois de receber uma forte pancada na cabeça.
Ela fugiu da escravidão e atravessou clandestinamente dezenas de escravos para o norte dos Estados Unidos e Canadá antes e durante a Guerra Civil (1860-1865). Em seguida, participou da luta das mulheres pelo direito ao voto.
Nenhuma mulher foi retratada em cédulas dos EUA desde a ex-primeira-dama Martha Washington, que foi destaque no certificado de prata de 1 dólar de 1891 a 1896, e a nativa Pocahontas, que fez parte de uma imagem de grupo na nota de 20 dólares de 1865 a 1869.
Outras mulheres, incluindo a intérprete indígena Sacagawea, a sufragista Susan B. Anthony e a autora e ativista Helen Keller, apareceram em moedas.
Tubman substituirá o presidente Andrew Jackson, admirado por Trump, em uma das notas mais usadas no país. Jackson foi criticado por sua propriedade de escravos e pelo tratamento dispensado aos índios americanos.