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Câmara dos EUA dá primeiro passo para impeachment de Trump

Deputados democratas estão cientes que, mesmo vitoriosos, serão barrados pelo Senado, de maioria republicana

Por Da Redação
Atualizado em 12 set 2019, 17h21 - Publicado em 12 set 2019, 16h34

A Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, presidida pelos democratas, votará nesta quinta-feira, 12, a abertura de uma investigação para determinar a conveniência de se iniciar um processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A votação deve ocorrer ainda que muitos democratas continuem cautelosos sobre o tema.

Há vários meses, a Comissão faz investigações sobre Trump e deve, pela primeira vez, colocá-las no marco legal para destituir um presidente.

A votação é uma etapa técnica do processo, e a Comissão ainda precisaria introduzir os artigos de impeachment contra Trump e obter aprovação da Câmara para apresentar a queixa contra o presidente. A democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara, pediu cautela sobre o assunto, dizendo que o público em geral ainda não apoia um processo de destituição. Disse que quer ver primeiro o que acontecerá com outras investigações na Justiça antes de tomar qualquer decisão sobre impeachment.

Mesmo se a Câmara concordar em dar sequência às acusações em um processo de impeachment, é improvável que o Senado, liderado pelos republicanos, condene ou autorize a remoção de Trump do cargo.

Ainda assim, o presidente da Comissão de Justiça, deputado Jerrold Nadler, disse que o painel avançará com as audiências de impeachment nos próximos meses, apoiadas por parlamentares que querem o avanço do processo. O desgaste para Trump será inevitável em um período de campanha de reeleição.

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A votação desta quinta-feira estabelecerá as regras para essas audiências, capacitando os parlamentares a questionar testemunhas, permitindo que algumas evidências permaneçam privadas e que o Conselho da Casa Branca testemunhe.

A Comissão explicou que a resolução é semelhante à da votação processual adotada no início das investigações dos processos de impeachment contra os presidentes Richard Nixon e Bill Clinton.

“A adoção desses procedimentos adicionais é o próximo passo nesse processo e ajudará a garantir que nossas audiências de impeachment sejam informativas para o Congresso e público, enquanto fornece ao presidente a capacidade de responder a provas apresentadas contra ele”, disse Nadler em comunicado divulgado na segunda-feira, 9.

“Não vamos permitir a obstrução contínua de Trump para nos impedir de transmitir a verdade ao povo americano.”

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A Comissão também iniciou dois processos contra o governo republicano após a Casa Branca impedir repetidamente o painel de obter documentos e testemunhos sobre o presidente. Sob as novas regras para o processo, a primeira audiência seria com o ex-gerente da campanha eleitoral Corey Lewandowski no dia 17 de setembro.

Lewandowski é mencionado várias vezes no relatório do ex-procurador especial Robert Mueller, analisado pela Comissão. Ele foi quem transmitiu mensagem de Trump a seu então secretário de Justiça Jeff Sessions para que limitasse a investigação do procurador especial.

O painel presidido pelos democratas também convidou duas outras testemunhas mencionadas no relatório – os ex-assessores da Casa Branca Rick Dearborn e Rob Porter. A Casa Branca vem tentando impedir a exposição de seus funcionários na investigação, mas Lewandowski nunca trabalhou oficialmente para a Presidência americana.

A resolução a ser votada nesta quinta-feira deve estabelecer os parâmetros para as audiências de impeachment no painel, em uma tentativa de dar aos legisladores mais poderes para investigar o presidente. Isso permitiria aos integrantes da Comissão interrogar testemunhas por mais uma hora – 30 minutos para cada lado – além dos cinco minutos já permitido a eles.

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A apresentação de evidências seria permitida em sessão privada para proteger a confidencialidade de materiais sensíveis e qualquer audiência da Comissão poderia ser designada por Nadler como parte da investigação.

O ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller: apuração sobre influência de Moscou na eleição de Trump em 2016 – 24/07/2019 (Jonathan Ernst/Reuters)

Outras investigações

A votação processual ocorre ao mesmo tempo em que o painel decide ir além do relatório de Robert Mueller, que consumiu a maior parte da energia da Comissão desde que foi lançado em abril. Mueller investigou a interferência da Rússia na candidatura de Trump à Casa Branca em 2016.

O painel, em conjunto com a Supervisão da Câmara e a Comissão de Reforma do Governo, anunciou que exigiu informações sobre o gasto de dinheiro público com hotéis e propriedades do presidente para a investigação de impeachment.

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As comissões informaram que houve “múltiplos esforços” de Trump e funcionários do governo para gastar dinheiro federal em suas propriedades, incluindo a estadia do vice-presidente Mike Pence na semana passada em um resort Trump em Doonbeg, na Irlanda.

Há ainda a expectativa de que a Comissão de Justiça investigue pagamentos em dinheiro a pedido de Trump para esconder histórias potencialmente embaraçosas para ele. O painel também pretende intimar do Departamento de Segurança Interna para que investigue se o presidente ofereceu perdões preventivos, em uma violação da lei.

Em paralelo, outras comissões também investigam o presidente, ainda que sem ligação com impeachment. O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, escreveu ao ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn e exigiu que ele compareça para uma audiência em 25 de setembro. Flynn já admitiu na Justiça ter mentido ao FBI sobre suas conversas com um embaixador russo para os EUA e aguarda sua sentença.

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A Comissão de Inteligência também informou que investigará possíveis esforços de Trump e de seu advogado pessoal, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, para pressionar o governo da Ucrânia a ajudar Trump na sua campanha de reeleição em 2020.

O painel, juntamente com a Comissão de Relações Exteriores, está exigindo registros relacionados a esses esforços, no que seria o primeiro passo de uma ampla investigação sobre o tema. No início deste ano, Giuliani disse que viajaria a Kiev para pedir ao governo local que investigasse o envolvimento do filho do ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à Casa Branca Joe Biden com uma empresa de gás de propriedade de um oligarca ucraniano. Giuliani descartou depois a possibilidade de fazer essa viagem.

(Com Estadão Conteúdo)

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