Roma, 12 nov (EFE).- A Câmara dos Deputados da Itália aprovou neste sábado a Lei de Orçamento estatal para 2012, que inclui as reformas econômicas exigidas pela União Europeia (UE), e com isso deverá acontecer em breve a renúncia do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
O texto foi aprovado com 380 votos a favor, 26 contra e duas abstenções, depois de mais de cinco horas de debate no qual os diversos grupos parlamentares tomaram a palavra para indicar sua intenções de voto.
A chegada de Berlusconi ao plenário foi recebida com aplausos de sua base parlamentar, que também mostrou seu apoio ao porta-voz do partido governamental Povo da Liberdade (PDL) na Câmara, Fabrizio Cicchitto, que defendeu a atuação do primeiro-ministro.
Após a aprovação definitiva da Lei de Orçamentos, está previsto que Berlusconi participe de um Conselho de Ministros e que depois vá ao Quirinale, sede da Presidência da República, para apresentar sua renúncia ao chefe do Estado, Giorgio Napolitano.
Enquanto a votação acontecia dentro do palácio de Montecitorio, sede da Câmara, do lado de fora várias pessoas se concentraram para pedir a saída do premiê.
Alguns dos manifestantes levaram cartazes nas quais agradeciam a Napolitano por sua atitude nesta crise política e elogiavam que ‘finalmente’ Berlusconi abandonaria o poder, enquanto outros reproduziam a capa da revista ‘Time’, na qual aparece uma foto do primeiro-ministro sob o título ‘O homem por trás da economia mundial mais perigosa’.
Caso realmente ocorra a renúncia de Berlusconi, que está prevista para as 20h30 hora local (17h30 de Brasília), será aberta oficialmente na Itália uma crise de governo, que levará o chefe de Estado a abrir um período de consultas para determinar, entre outras opções, se forma um governo de tecnocratas ou se convoca novas eleições.
Tudo parece indicar que a opção que será adotada será a de formar um governo técnico com o economista Mario Monti, de 68 anos, à frente.
Monti foi designado senador vitalício na última quarta-feira pelo chefe de Estado italiano, o que foi interpretado como um respaldo à sua candidatura, que também reúne apoios internacionais, como o do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o da chanceler alemã, Angela Merkel.
No entanto, nas últimas horas surgiram divergências dentro do PDL no que se refere ao apoio a Monti, e nomes de outros possíveis candidatos foram comentados, como o secretário-geral do partido, Angelino Alfano, e o economista e ex-primeiro-ministro Lamberto Dini.
Contudo, Monti e Berlusconi se reuniram neste sábado em um almoço de trabalho em Roma no qual, segundo a imprensa do país, conversaram sobre a formação do novo governo técnico, no qual ‘Il Cavaliere’ teria exigido a presença de seu braço direito, Gianni Letta.
Por outro lado, segundo o jornal ‘La Stampa’, Berlusconi expressou a seus colaboradores seu mal-estar pela evolução da situação.
‘Posso aceitar tudo, mas não ser humilhado antes que tenha renunciado com o fato de que tenham sido abertas consultas com os porta-vozes’, disse Berlusconi em alusão às várias reuniões realizadas por Monti e Napolitano nos últimos dias. EFE