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Calderón entrega a Peña Nieto um México violento mas com economia fortalecida

Por Da Redação
2 jul 2012, 14h03

México, 2 jul (EFE).- O presidente mexicano, Felipe Calderón, entregará a seu sucessor da oposição um país tomado por uma onda de violência, provocada pelos cartéis de drogas, e uma economia com baixo ritmo de crescimento, mas com grande solidez macroeconômica.

Calderón, que transformou a luta contra o narcotráfico em sua principal bandeira e deixará o poder em 30 de novembro, chega à reta final de um mandato marcado pelas 50 mil vítimas da violência, embora esteja convencido de que deixará uma nação com bases sólidas a Enrique Peña Nieto.

Vários analistas consultados pela Agência Efe concordam que o maior desafio para o já ganhador das eleições deste domingo, candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI), é a segurança.

O México é um país que ‘não está em paz’ e em muitas regiões ‘o crime organizado está literalmente governando ou disputando com o Estado os controles essenciais da segurança, inclusive a cobrança de impostos’, disse à Efe o analista Salvador García Soto.

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O balanço final do mandato de Calderón, que transformou a luta contra o narcotráfico em sua principal bandeira desde que chegou ao poder em dezembro de 2006, será negativo, concluiu Soto.

Embora tenha prometido durante a campanha ser o ‘presidente do emprego’, Calderón iniciou uma ‘guerra’ contra o crime organizado com a participação de milhares de militares que exacerbou os níveis de violência, disse o especialista.

Durante seu mandato, cresceram os registros de mortos encontrados decapitados e esquartejados, assim como de covas clandestinas com todo tipo de vítimas, incluindo imigrantes centro-americanos.

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Quem enfrenta essa luta e ‘não o faz bem, vai pagar o custo político dos 50 mil ou mais mortos atribuídos a esse conflito entre facções criminosas’, e delas com as forças de segurança, declarou à Efe o analista político Carlos Elizondo.

Em seu primeiro discurso após as eleições, Peña Nieto disse que seguirá a luta contra o crime organizado, mas com uma nova estratégia para reduzir a violência e proteger a vida dos mexicanos.

Na opinião de Elizondo, as violações aos direitos humanos serão ‘um dos grandes temas que perseguirão o presidente’, que terminará seu mandato em 1º de dezembro próximo.

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‘Não vão faltar casos de abusos, de erros, de inocentes desabrigados pelas forças federais (que participam do combate ao crime organizado), problemas cujo responsável, no fim, é o presidente Calderón’, opinou.

Várias ONGs denunciaram um aumento drástico dos abusos cometidos por policiais e soldados, que em sua maioria não são punidos. Além disso, o Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade (MPJD), que surgiu em maio de 2011 após o assassinato do filho do poeta Javier Sicília a mando de um cartel de drogas, pediu o fim do enfoque militarista da atual estratégia de segurança.

Calderón, cujo nível de aprovação era de 48% em junho, disse estar disposto a modificar sua política em aspectos onde puder melhorar, mas até o momento não realizou mudanças significativas.

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Quanto à economia, o legado positivo é a solidez macroeconômica e um renascimento industrial e, o negativo, um baixo crescimento que gera exclusão, desigualdade e pobreza, afetando 52 milhões de mexicanos, analisou Elizondo.

Durante os seis anos de governo, o crescimento médio anual da economia foi de 1,9%, apesar de em 2009 o país ter enfrentado a pior queda desde 1934 (6,1% do PIB) devido à crise internacional que explodiu em 2008.

‘Pode-se discutir se o crescimento foi ou não suficiente, mas é inegável que ele continua crescendo’, disse à Efe o presidente do Grupo Consultores Internacionais (GCI), Julio A. Millán.

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A administração das verbas públicas, a disciplina fiscal, a baixa inflação e o nível de reservas internacionais, que superam os 150 bilhões de dólares e dão um lastro à taxa de câmbio, são alguns dos aspectos positivos em matéria econômica.

Uma questão pendente é o emprego, que cresceu apenas 2,2% nos últimos seis anos (1,6 milhões de postos de trabalho) enquanto o desemprego se situa em 4,93% da população economicamente ativa.

Calderón privilegiou a estabilidade sobre o crescimento, o que afetou o emprego produtivo e se refletiu em um aumento dos trabalhadores no setor informal, que passaram de 11,4 milhões em 2006, para 13,7 milhões em 2012.

Sobre as fragilidades da economia, os analistas afirmaram que o crescimento se sustentou no mercado externo, por isso consideraram necessário fortalecer o mercado interno.

Outro calcanhar de Aquiles são os níveis de competitividade e concorrência, que apesar de subirem, ainda mostram retrocessos em temas como a regulação, que inibe investimentos, e o fraco desenvolvimento da infraestrutura.

Calcula-se que de 2007 a 2012 o investimento estrangeiro acumulado tenha alcançado 133,6 bilhões de dólares, número 5,5% inferior aos índices dos seis governos anteriores, queda causada principalmente pelo nível de competitividade e por fatores como a violência. EFE

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