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Breivik nega culpa pelos atentados na Noruega e se mostra impassível

Por Da Redação
16 abr 2012, 14h42

Anxo Lamela.

Oslo, 16 abr (EFE).- O ultradireitista Anders Behring Breivik agiu conforme o esperado nesta segunda-feira na abertura do julgamento pelos atentados de 22 de julho na Noruega, nos quais morreram 77 pessoas, e embora tenha aceitado os fatos, negou sua culpa porque afirma ter atuado ‘em defesa própria’.

Breivik quase não pôde falar nesta segunda-feira, mas teve tempo de rejeitar a autoridade da corte de Oslo, que acolherá o julgamento nas próximas dez semanas.

‘Não reconheço os tribunais noruegueses porque receberam seu mandato dos partidos políticos que apoiam o multiculturalismo’, disse Breivik, de 33 anos, que não levantou quando os magistrados entraram na sala.

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O primeiro desafio de Breivik aconteceu antes do início do julgamento, quando, depois de ter as algemas retiradas, estendeu o braço direito e fez um cumprimento com o punho fechado.

Ele se manteve impassível enquanto a promotora lia a acusação e nomeava as vítimas, e também quando foi reproduzida uma ligação à Polícia feita por uma jovem fechada em um banheiro na ilha de Utoya – cenário do massacre – enquanto os disparos podiam ser ouvidos ao fundo.

Breivik não se importava com os olhares dos juízes, do promotor e dos psiquiatras que o examinaram e avaliaram seu comportamento. Ele inclusive esboçou algum sorriso ao ver as imagens captadas pelas câmeras de vigilância e ao escutar a si mesmo nas ligações que fez à Polícia no dia dos atentados.

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Ele apenas se emocionou quando viu o vídeo que fazia um resumo de seu manifesto, divulgado na internet no dia dos atentados e exibido pela primeira vez no julgamento.

Breivik, que até ameaçou chorar, escondeu o rosto após assistir à sua visão sobre a ‘decadência cultural’ europeia frente ao Islã e ao seu convite aos ‘novos cruzados’ que deverão salvar o continente.

Frente à frieza do extremista, familiares das vítimas presentes na sala não puderam reprimir a emoção e as lágrimas em vários momentos, embora de forma contida.

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‘Não foi um reencontro agradável, é claro, mas ajuda saber que o julgamento começou’, disse em um dos intervalos do julgamento Tore Sinding Bekkedal, sobrevivente de Utoya e presente na corte.

Em sua explicação, o promotor Svein Holden fez um repasse ao início de Breivik na política, com sua passagem pelas juventudes do populista Partido do Progresso.

Sua suposta participação para criar uma rede de cavalheiros templários para lutar contra o Islã foi considerada uma invenção por Holden, algo que o acusado já tinha admitido há semanas.

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Holden relatou também outros pontos de sua vida, como quando vendia passaportes falsos, sua torcida pelos jogos de guerra e a redação de ‘2083: Uma declaração de independência europeia’, o manifesto de 1.500 páginas em inglês que Breivik divulgou pela internet no dia dos atentados.

Muito do que aparece escrito não são mais que ideias copiadas de outros autores, disse Holden, que revelou outro dado interessante.

Em uma das fotos do manifesto de Breivik ele aparece vestido como militar e com as armas que depois usou em Utoya. No ombro é possível ver um rótulo com as legendas ‘caçador de marxistas’ e ‘traidor multicultural, caça permitida’.

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A explicação de Holden, que durou cerca de três horas, contou com uma descrição de como Breivik adquiriu os uniformes e as armas, como fabricou a bomba e uma reconstrução dos atentados.

Para isso, ele utilizou imagens captadas pelas câmeras de vigilância do centro de Oslo, antes e depois da explosão, e um relato minucioso do massacre realizado durante 77 minutos em Utoya, cenário do acampamento de verão das Juventudes Trabalhistas.

Os promotores reiteraram que não decidirão até o final do julgamento se pedirão prisão, caso considerem que Breivik não é um doente mental, ou seu ingresso em um centro psiquiátrico, já que há dois relatórios com conclusões opostas.

Seu advogado, Geir Lippestad, insistiu no pedido da defesa de que Breivik seja considerado penalmente responsável. Além disso, ele declarou entender a insatisfação das vítimas com o fato de o réu ter vários dias para depor, mas acredita que este é ‘seu direito fundamental’, além de uma forma importante para explicar a razão de sua atitude.

Lippestad anunciou que Breivik tem a intenção de começar nesta terça-feira sua declaração, que se estenderá até a próxima segunda-feira, lendo um resumo escrito, e depois se explicará sem utilizar nenhum documento.

Nove meses depois dos atentados, Breivik contará com a plataforma que desejava para divulgar suas ideias, enquanto o centro de Oslo volta a se cobrir com rosas deixadas pelos cidadãos em lembrança das vítimas. EFE

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