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Brasileiros reivindicam direito de viajar para estudar na França

Cerca de 300 estudantes e pesquisadores estão impedidos de entrar no país europeu por conta do bloqueio nas fronteiras imposto pela pandemia de Covid-19

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jun 2021, 15h07 - Publicado em 14 jun 2021, 15h05

Estudantes e pesquisadores brasileiros lançaram nesta semana uma campanha para pedir a reavaliação do bloqueio que os impede de viajar à França por conta da pandemia de Covid-19. Cerca de 300 futuros alunos de universidades francesas estão impossibilitados de embarcar para o país europeu desde o final de abril, quando o governo do presidente Emmanuel Macron retirou as viagens para estudo desde o Brasil da lista de exceções para entrada em seu território.

Muitos dos estudantes e pesquisadores afetados correm risco de perder seu convite para integrar o curso no exterior ou até bolsas de estudo. Por isso, o grupo criou o movimento ‘Étudier Est Impérieux’ (Estudar é imperativo, em português), com páginas em diversas redes sociais, para atrair atenção para a questão.

O pesquisador Caio Cesar Barbosa Bomfim, de 31 anos, é doutor em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) e ganhou uma bolsa de pós-doutorado no Instituto Cochin em Paris para pesquisar temas relacionados ao vírus HIV. O paulista, contudo, não consegue emitir seu visto para assumir o posto.

“Foi um processo longo e bastante concorrido, já que a vaga que estava pleiteando era para um pós-doutorado em laboratório renomado internacionalmente”, diz Caio, que deveria ter iniciado seu curso em 1º de Maio e agora teme perder o financiamento recebido por uma agência de pesquisa europeia diante dos atrasos. “O meu futuro supervisor em Paris conseguiu deixar o meu contrato aberto por algumas semanas, mas não sabe por quanto tempo mais ele poderá esperar. Tenho receio de perder essa grande oportunidade, que exigiu muito tempo de árduo estudo e preparação”.

O Brasil atualmente está na lista de países considerados de alto risco de contágio de Covid-19 pela França e por isso viajantes vindos de cidades brasileiras não passar pela fronteira. Mas o governo francês matém uma lista de motivos considerados imperiosos para as viagens, que são basicamente exceções ao bloqueio, e até 26 de abril estudantes ou pesquisadores aceitos em universidades locais se encaixavam nesses critérios.

Uma mudança na lista, porém, retirou as viagens para estudos da lista de motivos imperiosos e desde então as viagens estão proibidas. A Embaixada e os consulados da França no Brasil também suspenderam a emissão de vistos de estudo e pesquisa.

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Até o momento, 290 estudantes e pesquisadores assinaram uma carta que será enviada aos ministros do Interior, das Relações Exteriores e à ministra do Ensino Superior, Pesquisa e Inovação da França pedindo a reavaliação da norma. No grupo há alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Todos já passaram pelo processo de candidatura e aguardam somente a reabertura da emissão de vistos e a liberação das fronteiras para iniciarem seus estudos.

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Mesmo tendo um motivo imperioso, toda pessoa que entra no território francês deve apresentar PCR negativo para o coronavírus, se submeter a um teste no próprio aeroporto e realizar uma quarentena obrigatória de 10 dias. O isolamento é controlado pela polícia, que visita em horários aleatórios o endereço apresentado. Os estudantes se dizem dispostos a cumprir todas as normas caso possam viajar novamente ao país.

“Não existe qualquer garantia de que as universidades ou projetos possam nos aceitar depois do prazo limite, ou reservar a vaga para o ano seguinte”, diz Leandro Otávio de Souza, de 27 anos, que conseguiu uma vaga para cursar um mestrado em Métodos Avançados de Engenharia Industrial na Universidade Clermont Auvergne.

A maior parte dos estudantes brasileiros aceitos nas universidades francesas devem iniciar seus cursos na segunda quinzena de agosto ou no mês de setembro. Com a reabertura da maior parte das cidades no país e a flexibilização da quarentena, a maioria das instituições retomará as aulas de forma presencial, abandonando o sistema híbrido vigente até o primeiro semestre deste ano.

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“O processo de candidatura é bastante longo e foi muito desgastante. Investimos financeiramente e psicologicamente nisso e não queremos perder a oportunidade”, diz Leandro, que preciso realizar sua matrícula presencialmente até o dia 30 de setembro em Clermont-Ferrand para não perder sua vaga.

A campanha dos estudantes brasileiros chamou a atenção da senadora Joëlle Garriaud-Maylam, do Partido Republicano francês. Em sua página no Twitter, a política apoiou o movimento e pediu a inclusão das viagens para estudo na lista de exceções do governo. “Não há razão para impedir que os alunos continuem sua carreira universitária, especialmente se eles forem vacinados e fizerem exames!”, escreveu.

Senadora francesa Joëlle Garriaud-Maylam apoiou movimento de estudantes brasileiros no Twitter
Senadora francesa Joëlle Garriaud-Maylam apoiou movimento de estudantes brasileiros no Twitter (Twitter/Reprodução)

Além do Brasil, outros países também estão atualmente na lista vermelha de alto risco de contágio da França, entre eles Argentina, Bahrein, Bangladesh, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Índia, Nepal, Paquistão, Sri Lanka, Suriname, Turquia, Uruguai e África do Sul.

Procurada, a Embaixada da França no Brasil não respondeu ao pedido de contato para mais esclarecimentos sobre os bloqueios vigentes até a publicação desta reportagem.

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