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Brasileiro foi preso na Venezuela por criticar governo, diz irmão

Jonatan Diniz está detido na Venezuela. Itamaraty não tem informações sobre seu estado ou localização

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jan 2018, 18h30 - Publicado em 4 jan 2018, 17h47

O brasileiro Jonatan Diniz está preso em Caracas, na Venezuela, desde o dia 26 de dezembro.  Segundo seu irmão, Juliano Diniz, o posicionamento contrário ao governo de Nicolás Maduro pode ter sido o principal fator de sua detenção.

“A estratégia política venezuelana acabou pegando uma pessoa que estava tentando fazer o bem lá no meio”, diz Juliano. “Ele foi ingênuo em se posicionar contra o que estava vendo”.

Jonatan, de 31 anos, viajou para Caracas no dia 17 de dezembro, levando brinquedos, camisetas e bonés que pretendia distribuir para crianças carentes durante o Natal. Suas doações foram retidas no aeroporto, mas ainda assim, segundo seu irmão, o gaúcho conseguiu realizar uma festa beneficente.

“Ele falou com a minha mãe pouco antes de ser preso e disse que estava feliz porque conseguiu fazer doações para 600 crianças e organizar um café da manhã”, conta Juliano. Em sua conta no Instagram, o brasileiro postou fotos e vídeos de sua estadia na Venezuela.

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A detenção de Jonatan foi anunciada por Diosdado Cabello, deputado e braço direito de Maduro, em seu programa de televisão semanal. Segundo Cabello, Diniz era diretor de uma ONG chamada Time to Change que servia de fachada para promover, através de redes sociais, distribuições de alimentos e objetos de primeira necessidade a pessoas na Venezuela “com o objetivo de obter financiamento em moeda nacional [venezuelana] e em dólares”.

O deputado da Assembleia Constituinte também afirmou que Diniz integrava a organização Warriors for Angels que postava em redes sociais imagens das manifestações antigoverno deste ano na Venezuela, as quais Cabello chamou de “ações terroristas”. Também insinuou que a CIA estaria envolvida nas supostas atividades do brasileiro contra o chavismo. Outros três venezuelanos foram presos com Jonatan.

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“Não tem nada de infiltrado da CIA, ele sempre quis fazer alguma coisa para ajudar”, diz Juliano. “É cada coisa ridícula que eles inventaram para ter motivo para prender”.

A ONG Foro Penal Venezuelano informou à família do brasileiro que ele está preso no centro de detenção do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), em Caracas. Segundo Juliano, a organização Time to Change the Earth era apenas um projeto de Jonatan e seus amigos e não passava de um sonho. No Facebook, a página da ONG tem 38 curtidas.

Doações na Venezuela

Jonatan, natural de Ijuí, no Rio Grande do Sul, e formado em design gráfico, mora atualmente em Los Angeles, nos Estados Unidos. Seu primeiro contato com a Venezuela foi há três anos, quando viajou ao país com uma namorada venezuelana. “Durante esse tempo lá conheceu a realidade e viu crianças desnutridas e morrendo de fome”, diz o irmão.

Após o fim do relacionamento retornou aos Estados Unidos, onde era prestador de serviços e tinha vários empregos. Segundo Juliano, Diniz nunca esqueceu do que viu na Venezuela, por isso decidiu voltar e organizar a campanha de Natal.

A mãe de Jonatan, Renata, foi quem comprou as passagens de avião para ajudá-lo. Sua volta para Los Angeles está marcada para o dia 18 de janeiro.

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“A família alertou ele inúmeras vezes que deveria pensar primeiro em sua segurança, mas ele nunca ligou para isso”, diz o irmão. “Ele dizia que faltava coragem para o povo e que não deveríamos pensar em medo quando haviam várias crianças passando fome”.

Negociações

A família de Jonatan acionou o Ministério das Relações Exteriores, que está em contato com as autoridades venezuelanas para negociar a soltura do brasileiro. Contudo, até o momento, o Itamaraty não tem informações sobre sua localização exata ou confirmação dos motivos da prisão, pois o governo da Venezuela vem se recusando a dar informações pelos canais oficiais sobre o brasileiro, contrariando a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.

Em nota oficial emitida no fim da quinta-feira, o Itamaraty informa que “o Brasil solicita às autoridades da Venezuela que respondam rapidamente aos diversos pedidos de informação sobre a localização de nosso compatriota e sua situação jurídica, bem como de visita consular, cursados nos termos das convenções internacionais e de acordo com as obrigações assumidas pelos dois países à luz do direito internacional”.

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Familiares e amigos de Jonatan criaram uma página no Facebook para incentivar a campanha para sua libertação. Uma petição que busca reunir 20.000 assinaturas também foi criada no site Avaaz, pedindo solidariedade para uma pessoa “incriminada injustamente em território estrangeiro”.

Crise diplomática

Desde o final de dezembro, o Brasil não tem mais embaixador na Venezuela. O encarregado no país, Ruy Pereira, foi declarado persona non grata pelo governo de Nicolás Maduro e expulso do país.  Em resposta, as autoridades brasileiras também expulsaram o representante venezuelano de Brasília.

 

***Matériaatualizada às 18h29 para incluir a nota oficial emitida pelo Itamaraty sobre o assunto

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