Rio de Janeiro, 17 mai (EFE).- O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu nesta quinta-feira o diálogo com o presidente da Síria, Bashar al Assad, e garantiu que muitos países que antes exigiam a renúncia do líder, agora apoiam uma transição democrática.
‘Há extremismo, violência, mas consideramos que o diálogo é fundamental’, afirmou o chanceler brasileiro em entrevista a editores e leitores do jornal ‘Folha de S. Paulo’, transmitida pelo portal ‘UOL’.
Ao ser questionado pelo fato de ‘dialogar’ com uma ditadura, o ministro disse: ‘Muitos líderes que pediam a saída imediata de Assad, agora consideram de maneira mais realista que um Governo democrático exige uma transição’.
Patriota defendeu que o diálogo é o único caminho para alcançar uma solução negociada e evitar uma catástrofe na Síria, imersa em um conflito interno desde março de 2011. O ministro também ressaltou que Assad possui armas de destruição em massa, o que levaria a ‘conflito catastrófico’.
Segundo o chanceler, o Brasil está seguindo de perto a situação na Síria e reiterou o apoio ao plano de paz do enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan. ‘O Conselho de Segurança da ONU aprovou o programa de seis pontos de Annan, que está sendo implantado e procura garantir o acesso humanitário, a libertação dos presos, entre outros pontos. Trabalhamos sobre esse acordo’, destacou.
No entanto, o chanceler brasileiro criticou o envio de armas à oposição síria, argumentando que essa medida militariza ainda mais o conflito. ‘Queremos interromper o ciclo de violência e dar um espaço ao diálogo. A melhor aposta é o plano de Annan. Esperamos que com os observadores militares, a situação possa se estabilizar’, disse.
Patriota ainda ressaltou que o Brasil, apesar de não integrar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, está observando de perto a situação na Síria.
De acordo com os dados da ONU, desde março de 2011, quando iniciaram os protestos contra o Governo de Assad, mais de 10 mil pessoas morreram na Síria vítimas de violência, 230 mil se deslocaram internamente no país e mais de 60 mil buscaram refúgio em países vizinhos como a Turquia e Líbano. EFE