Brasília, 14 dez (EFE).- O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, reconheceu nesta quarta-feira que existe ‘mal-estar’ no Mercosul pela demora do Congresso paraguaio em aprovar o ingresso da Venezuela ao bloco.
A adesão da Venezuela ao Mercosul já foi aprovada pelos Parlamentos de Argentina, Brasil e Uruguai e sua concretização depende apenas do respaldo do Congresso paraguaio, no qual a oposição e alguns setores do Governo têm bloqueado o trâmite há três anos.
Segundo Garcia admitiu em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros, isso gerou ‘certo mal-estar’ no Mercosul, pois ‘até o Governo paraguaio’ apoia a entrada da Venezuela.
O assessor disse que o Brasil não tem até agora informação precisa sobre a proposta do presidente do Uruguai, José Mujica, que levantou a possibilidade de procurar variantes jurídicas para receber a Venezuela no bloco sem a ratificação do Congresso paraguaio.
Também não especificou se o Brasil apoiaria essa alternativa, que pode ser abordada durante a Cúpula que o bloco realizará em Montevidéu no próximo dia 20, mas considerou que, ‘respeitando a soberania do Congresso paraguaio’, o assunto deve ser resolvido o mais rápido possível.
O Tratado de Adesão da Venezuela ao Mercosul foi aprovado pelos Governos de Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai em julho de 2006 durante uma reunião realizada em Caracas, da qual participaram os chefes de Estado dos cinco países e o presidente da Bolívia, Evo Morales, como convidado especial.
Os Parlamentos de Argentina e Uruguai foram os primeiros a ratificá-lo, enquanto no Brasil o trâmite demorou mais de dois anos e esteve envolto em polêmicas devido ao perfil ‘autoritário’ do presidente Hugo Chávez e uma alegada ‘falta de garantias democráticas’ da Revolução Bolivariana.
O ‘mal-estar’ do Brasil em relação ao Parlamento paraguaio inclusive vai além, pois segundo García, ali está bloqueada a designação de um novo embaixador em Brasília, um trâmite que deveria ter terminado ‘há dois anos’.
‘Isso não ajuda na manutenção das boas relações’ que existem entre Brasil e Paraguai, concluiu o assessor. EFE