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Bolsonaro: ‘Está insuportável viver em alguns locais da França’

Presidente eleito diz não querer, para o Brasil, a 'intolerância do imigrante' e defende a restrição ao ingresso de estrangeiros

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 18 dez 2018, 22h21 - Publicado em 18 dez 2018, 21h30

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, valeu-se nesta terça-feira, 18, de um exemplo controverso para justificar sua decisão de retirar o Brasil do Pacto Mundial pela Migração e de impor regras mais restritas para os estrangeiros ingressarem no país.  Em mais uma de suas “prestações de contas” ao eleitor pelo Facebook, Bolsonaro citou a “intolerância dos imigrantes” que, em seu ponto de vista, teria tornado “insuportável viver” na França.

“Todo mundo sabe o que está acontecendo com a França. Está insuportável viver em alguns locais da França, e a tendência é aumentar a intolerância. Os que foram para lá, o povo francês acolheu da melhor maneira possível”, explicou o presidente eleito. “Mas vocês sabem da história dessa gente, que têm algo dentro de si, que não abandona suas raízes. E querem fazer valer a sua cultura, os seus direitos lá de trás e os seus privilégios.”

Bolsonaro não chegou a esmiuçar seus argumentos nem o que quis dizer por “essa gente”.

A França registrava, em 2013, a presença de 12,5 milhões de imigrantes e seus filhos nascidos no país, o equivalente a 19,3% da população, segundo o Ministério do Interior. A maioria tem como origem o Magreb e a África subsaariana e, como tal, segue o islamismo. Desde 2015, houve um aumento substancial de refugiados da Síria e outros países do Oriente Médio.

Bolsonaro não chegou a apresentar ao seu espectador um perfil do imigrante na França. Tampouco apresentou dados sobre a imigração no Brasil. Limitou-se a concluir que a França está sofrendo por ter recebido imigrantes e que parte da população, das Forças Armadas e das instituições reclamam disso.

“Então, não queremos isso para o Brasil”, arrematou, para em seguida confirmar que denunciará o Pacto Mundial pela Migração, assinado na semana passada por 164 países no Marrocos.

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“Não somos contra os imigrantes. Mas, para entrar no Brasil, tem de ter um critério bastante rigoroso. Caso contrário, no que depender de mim enquanto chefe de Estado, não entrarão.”

Embora tenha falado de forma geral sobre a criação da barreira aos imigrantes, Bolsonaro deixou no ar a possibilidade de seu governo ir além e impedir o ingresso no país de refugiados. O status de cada grupo é distinto. Protegidos pela Convenção das Nações Unidas 1951 e pelo Estatuto de 1967, os refugiados são as vítimas de perseguição e têm o direito de serem acolhidos pelo país a que pedem proteção, sem risco de deportação.

Ditadores

Bolsonaro aproveitou sua prestação de contas também para reforçar que não convidou “nem o ditador cubano nem o ditador venezuelano” – suas referências a Nicolás Maduro e a Miguel Díaz-Canel – para sua posse em 1º de janeiro. De fato, ambos foram convidados, como mostrou o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, nesta semana. Mas foram desconvidados em seguida pelo governo de transição.

“Afinal de contas, é uma festa da democracia. Lá (em Cuba e na Venezuela) não existe eleições e, quando existem, são suspeitas de fraudes. Então, não interessa”, resumiu.

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A decisão de desconvidar a Venezuela e Cuba causou constrangimento em vários setor do governo brasileiro. Dificilmente ambos os líderes aceitariam o convite para a posse de um presidente de coloração ideológica tão diferente e que, desde a campanha eleitoral, tem mantido um tom agressivo a seus países. Bolsonaro chegou a falar em rompimento de relações com Havana e da adoção de medidas duras contra Caracas.

O presidente eleito argumentou que não convidar Maduro para a sua posse é a “melhor forma de apoiarmos o povo venezuelano”. “Tudo o que pudermos fazer dentro da legalidade e da democracia contra esses países, nós faremos.”

Na gravação desta terça-feira, Bolsonaro alegou que Cuba rompeu unilateralmente com sua participação no programa brasileiro Mais Médicos para evitar a checagem de seu governo sobre os seus integrantes. Para o presidente eleito, os 200 primeiros médicos que deixaram o Brasil “eram todos agentes cubanos, integrantes do Exército cubano”.

“Estavam aqui tomando conta do trabalho escravo praticado por eles aqui dentro, com a conivência do PT, e resolveram sair antes de serem checados por nós agora em janeiro. E foi provado que não tinham nada a ver com a Medicina”, insistiu.

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