Biden diz que Netanyahu não faz o suficiente para obter trégua em Gaza
Presidente dos EUA afirmou também que estava 'muito perto' de apresentar novo acordo aos dois lados do conflito e que 'esperança é eterna'
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou nesta segunda-feira, 2, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por não fazer o suficiente para garantir um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista palestino Hamas, com o objetivo de libertar as 101 pessoas que permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza.
O democrata, um dos principais aliados de Tel Aviv, foi questionado por repórteres na Casa Branca se acreditava que o premiê fazia tudo ao seu alcance para que os reféns retornassem em segurança para casa. Ele respondeu que não, sem oferecer detalhes.
Em seguida, o líder americano disse que estava “muito perto” de apresentar um novo acordo aos dois lados do conflito, que negaram propostas anteriores mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos por não atenderem às suas demandas. O premiê insiste em manter soldados israelenses em pontos-chave da Faixa de Gaza após qualquer cessar-fogo, enquanto o Hamas nega a presença das tropas na região. “A esperança é eterna”, concluiu Biden.
O último e único cessar-fogo, realizado em novembro do ano passado, durou uma semana e possibilitou a libertação de 105 reféns do Hamas, além de 240 palestinos que estavam presos em Israel. Com a eclosão do confronto, Tel Aviv colocou mais de 2.800 palestinos em detenção administrativa, mas sem prestar acusações formais.
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Reféns mortos
A declaração ocorre um dia após as Forças de Defesas de Israel (FDI) anunciarem que encontraram seis corpos de reféns, quatro homens e duas mulheres, recém-assassinados em um túnel na cidade de Rafah, ao sul do enclave palestino. Entre eles, estava o israelo-americano Hersh Goldberg-Polin, de 23 anos, sequestrado nos ataques de 7 de outubro. Segundo o laudo, os reféns foram baleados à queima-roupa, de dois a três dias antes de serem localizados.
Ainda nesta segunda-feira, Biden e sua vice, Kamala Harris, que concorre contra o ex-presidente Donald Trump nas eleições de novembro, participaram de uma reunião com a equipe de negociação de reféns dos Estados Unidos na Sala de Situação. No encontro, o presidente americano demonstrou “desolação e indignação” pelas seis mortes, informou a Casa Branca. A dupla também recebeu um resumo da proposta de pausa que será apresentada pelos Estados Unidos a Israel e ao Hamas.
Na véspera das críticas, Netanyahu afirmou que “quem mata reféns não quer um acordo”. Por sua vez, Sami Abu Zuhri, alto funcionário do Hamas, disse à agência de notícias Reuters que o aumento no tom das críticas de Biden ao premiê israelense representava “um reconhecimento americano de que Netanyahu foi responsável por minar os esforços para chegar a um acordo”.
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Protestos em Israel
A pressão sobre Netanyahu aumentou nesta segunda-feira, após o maior sindicato de Israel, o Histadrut, convocar uma greve geral para exigir que o primeiro-ministro assine um acordo que permita uma pausa imediata nas hostilidades para a libertação dos reféns. Serviços municipais em vários distritos foram interrompidos. Na véspera, meio milhão de israelenses foram às ruas depois do anúncio das FDI sobre os corpos encontrados em Gaza.
O Ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, pleiteou ao Tribunal Trabalhista de Israel que barrasse o chamado de greve. A Corte definiu que a paralisação deveria terminar às 14h30 do horário local (8h30 em Brasília). No entanto, várias áreas – incluindo fabricantes do setor de alta tecnologia – foram afetadas antes mesmo de os juízes se reunirem pela manhã e afirmaram que darão seguimento à mobilização até as 18h.
Vários voos foram cancelados no Aeroporto Ben Gurion, o maior de Israel, embora aviões ainda estivessem chegando e aterrissando no país. Várias linhas de ônibus e trens leves foram interrompidas ou passaram a funcionar parcialmente. Trabalhadores em Haifa, o principal porto comercial do país, também aderiram à greve.