Berlusconi indenizará moradores por causa de lixão
O premiê anunciou que pagará 14 milhões de euros a 16.000 habitantes
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, prometeu rápida solução para a crise do lixo em Nápoles, no sul do país, e anunciou que pagará 14 milhões de euros (20 milhões de dólares) como compensação aos moradores da região. Há dias, agentes de segurança e manifestantes entram em confronto. Os moradores não aceitam a decisão do governo de inaugurar mais um lixão, no Parque Nacional do Vesúvio. Com capacidade para 3 milhões de toneladas de resíduos, o depósito seria o maior da Europa.
Berlusconi teve uma reunião de emergência nesta sexta-feira com seu gabinete em Roma. Participaram os ministros do Interior, Meio Ambiente e Economia, bem como o Departamento de Proteção Civil e o governador regional da Campânia. O governo planeja a construção de mais aterros e de incineradores como uma solução a longo prazo.
Os 14 milhões de euros irão apenas para a comunidade de cerca de 16.000 habitantes de Terzigno, onde ocorreu a maioria dos confrontos, que continuaram nesta madrugada. Mesmo com o bloqueio de centenas de moradores ao aterro sanitário, cerca de 20 caminhões conseguiram entrar no local, após a tropa de choque abrir caminho e dispersar a multidão e golpes de cassetete.
Os moradores se opõem à nova construção e denunciam que um lixão já existente no local não tem condições ideais de isolamento, causa problemas à saúde e provoca odores que os obrigam a manter as janelas das casas fechadas o ano todo. Como forma de protesto, barricadas de lixo foram erguidas nas ruas e carros estão sendo incendiados. A polícia respondeu aos ataques com bombas de gás lacrimogêneo e cinco pessoas foram presas.
Máfia – O governo italiano acusa os manifestantes de receberem dinheiro da Camorra – a máfia napolitana que há cerca de 20 anos controla o transporte e o depósito de lixo na região. Os protestantes, por sua vez, dizem que a Camorra está do lado do governo e quer o funcionamento do lixão.
A coleta de lixo é um problema crônico em Nápoles. Em 1994, foi decretado estado emergência em virtude do acúmulo de resíduos pelas ruas de várias cidades. A situação se normalizou e, em 2008, a população foi obrigada a queimar quase 250.000 toneladas de lixo jogadas nas ruas porque os aterros estavam superlotados. Na ocasião, o Exército foi chamado para conter os protestos.
(Com agências Estado e France-Presse)