Berlusconi elogia Putin e reforça revelações do WikiLeaks
E-mails da Stratfor divulgados pelo site dizem que a Itália é 'anexo' da Rússia

O ex-chefe de governo da Itália Silvio Berlusconi rasgou-se em elogios nesta terça-feira ao amigo Vladimir Putin, pela vitória na eleição presidencial russa no último domingo. “É um homem extraordinário, simples e modesto, com grandes qualidades humanas e que tem um alto senso de amizade”, afirmou Berlusconi, em entrevista ao jornal russo Komsomolskaya Pravda. “Fez muito por seu país e vai desempenhar um papel determinante no futuro. Estou convencido de que Putin é o líder necessário para dirigir esse imenso país”, completou.
Putin foi eleito com quase 64% dos votos, em uma eleição marcada por diversas fraudes, segundo a oposição. Aparentemente, Berlusconi está retribuindo os elogios feitos por Putin quando o seu governo estava em crise – o que, contudo, não evitou sua renúncia. Na época, Putin disse que Berlusconi – protagonista de escândalos de corrupção, fraude fiscal e relações sexuais com menores de idade na Itália – é “um dos melhores homens políticos da Europa e um dos últimos moicanos da política”, e que seus inimigos têm inveja das suas “proezas sexuais”.
WikiLeaks – A declaração de Berlusconi acontece quatro dias depois da revelação, por parte do site WikiLeaks, de uma troca e-mails da empresa americana de inteligência e análise estratégica Stratfor na qual a Itália era chamada de “anexo da Rússia”, devido à negociação de petróleo entre os dois países. Segundo afirmaram os analistas da companhia, a amizade de Berlusconi e Putin era tão “sólida” que o ex-premiê italiano permitiu que a companhia russa de petróleo, a Gazprom, não pagasse impostos para investir no país – único caso no mundo. “É uma estranha dupla”, diz o e-mail.
Para os analistas da Stratfor, Berlusconi é a causa da política da Itália ser uma “piada”. Eles também comentaram as orgias do ex-premiê e disseram que o comentário dele sobre Merkel, a quem chama de “gorda insuportável””, é “puro entretenimento”. Isso não quer dizer, contudo, que eles aprovam o novo primeiro-ministro italiano, Mario Monti. “De modo geral, os acadêmicos não agem muito bem no muito real, acredito mais nos banqueiros”, disse um deles.
(Com agência France-Presse)