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Bento 16 pede aos jovens sicilianos que tenham coragem de se opor à máfia

Papa visita Palermo e faz ataques à Cosa Nostra durante celebração de missa

Por La Vanguardia
4 out 2010, 17h18

Bento 16 incentivou neste domingo os jovens sicilianos a ter coragem e enfrentar a máfia. Em uma visita de apenas um dia a Palermo – provavelmente a última incursão do papa fora de Roma antes de sua viagem a Santiago de Compostela e Barcelona, em novembro – o pontífice se referiu várias vezes ao crime organizado, em termos duros, e à necessidade de que a sociedade civil não fique resignada diante do fenômeno.

Fortes medidas de segurança acompanharam os atos do papa. Na catedral da cidade, depois de falar com os bispos da ilha, Bento 16 se aproximou de alguns sacerdotes e fieis presentes, provocando certo nervosismo entre os guarda-costas. Depois, em um encontro com jovens e famílias, em uma praça da capital siciliana, havia uma grande distância, talvez exagerada, entre o papa e o público. Apenas escolhidos puderam aproximar-se. Alguns deles beijaram o rosto do sucessor de Pedro.

Bento 16 não foi tão duro contra os mafiosos como havia sido João Paulo II no célebre discurso de 17 anos atrás. Joseph Ratzinger não é um homem de gestos tão apaixonados como seu predecessor. Mas suas palavras foram inequívocas. “Não tenham medo de se opor ao mal!”, exclamou o papa em seu pronunciamento a jovens e famílias. “Juntos seremos como um bosque que cresce, talvez silencioso, mas capaz de dar frutos, de levar a vida e de renovar de modo profundo vossa terra”, continuou o papa. “Não cedam às sugestões da máfia, que é um caminho de morte, incompatível com o Evangelho, como tantas vezes disseram seus bispos!” A multidão irrompeu em um longo aplauso quando ouviu essas frases.

Horas antes, na homilia durante a celebração eucarística, o papa disse que na Sicília “não faltam dificuldades, problemas e preocupações”. Mencionou os que vivem “em condições precárias, por falta de trabalho, pela incertezas sobre o futuro”, e também “o sofrimento físico e moral por causa do crime organizado”. “Hoje estou no meio de vocês para testemunhar minha solidariedade”, disse Joseph Ratzinger. “Estou aqui para dar-lhe um forte ânimo a não ter medo de dar testemunho, com clareza, dos valores humanos e cristãos, tão profundamente enraizados na fé e na história de vosso território e de sua população.” O papa recordou que “o mal faz mais barulho”, mas que a imensa maioria dos cidadãos é formada por homens e mulheres de bem, e que a grande esperança está na juventude da ilha.

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O papa, de 83 anos, estava risonho e feliz. Levantou as mãos com frequência para saudar a multidão. Uma leve tosse o fez interromper várias vezes a leitura dos discursos.

Bento 16 visitou a Sicília – pela primeira vez – em um momento de notável fraqueza da Cosa Nostra, a mítica e cinematográfica máfia regional. Durante os últimos vinte anos os mafiosos receberam golpes demolidores. Houve confisco de terras e propriedades no valor de centenas de milhões de euros. A sociedade civil também se mobilizou. Em Palermo, por exemplo, comerciantes e empresários se organizaram para dizer não ao pizzo, a extorsão, sem que tenha havido represálias. Se diz que a chamada máfia militar – que protagonizou há quase vinte anos uma ofensiva de atentados que colocou o estado em cheque – está quase desarticulada. Foram detidos quase todos os chefes da Cosa Nostra. Ainda falta a captura de Matteo Messina Denaro, o último superfugitivo. No entanto, os tentáculos financeiros se mantêm. A máfia se transformou. Já não é vital – nem factível – o velho controle férreo do território, mas o crime organizado se transformou em um sistema mais difuso, com um componente sobretudo financeiro, muito internacionalizado.

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