Barack Obama se diz animado com união da oposição síria
Presidente afirmou, no entanto, que não vai reconhecer coalizão como um futuro governo provisório e que é preciso defender uma Síria democrática
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou nesta quarta-feira que não vai reconhecer a oposição síria como um futuro governo provisório, apesar de acreditar que o grupo seja “representativo”. Obama também elogiou a unificação dos grupos opositores – anunciada no domingo – e afirmou que sua administração está avaliando constantemente a situação de Damasco.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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“Estou animado em ver que a oposição síria criou um grupo que poderá ter mais coesão do que teve no passado. Nós vamos conversar com eles. Meus enviados vão viajar para várias reuniões que serão realizadas com a comunidade internacional e a oposição”, declarou Obama, em sua primeira entrevista coletiva como presidente reeleito.
O presidente respondeu assim a uma pergunta sobre se estaria disposto a dar o mesmo passo que a França, que reconheceu a coalizão dominada pelo Conselho Nacional Sírio como o único representante legítimo da oposição.
“Os consideramos representantes legítimos das aspirações do povo sírio. Ainda não estamos preparados para reconhecê-los como uma espécie de governo no exílio, mas achamos realmente que se trata de um grupo representativo. Uma das questões que continuaremos a demandar é assegurar que essa oposição está comprometida com uma Síria democrática e inclusiva, com uma Síria moderada”, acrescentou.
Em sua resposta, Obama também manifestou preocupação com a integração de “elementos extremistas” à oposição síria e destacou a necessidade de se manter a cautela em meio aos apelos para que os Estados Unidos armem os rebeldes. O país defende uma assistência humanitária e uma ajuda “não-letal” à oposição, afastando oficialmente qualquer fornecimento de armas às forças rebeldes contrárias ao regime de Bashar Assad.
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“Uma das coisas sobre as quais devemos estar atentos, particularmente quando começamos a falar de armar grupos de oposição, é não estarmos indiretamente colocando armas nas mãos de pessoas que possam atingir americanos ou atingir israelenses ou embarcar em ações que possam ser negativas para a nossa segurança nacional”, advertiu.
“Quanto mais comprometidos estivermos, mais estaremos na posição de assegurar que estamos apoiando os mais moderados elementos da oposição, comprometidos com a inclusão, com a observância dos direitos humanos, e que vão trabalhar de forma cooperativa conosco no longo prazo”, acrescentou.
O posicionamento americano havia sido afirmado também pela secretária de Estado, Hillary Clinton, no final de outubro, quando ela rejeitou publicamente o Conselho Nacional Sírio, pedindo uma oposição ampla, unida e plural.
Ontem, o governo americano já havia declarado a nova coalizão “uma representante legítima do povo sírio”, evitando reconhecê-la como um futuro governo provisório – como a França havia feito anteriormente. “Nós agora temos uma estrutura estabelecida que pode preparar uma transição política, mas aguardamos a criação de comitês técnicos graças aos quais teremos a certeza de que nossa assistência chegará de forma segura”, declarou o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Mark Toner.
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O presidente do novo grupo de oposição, Ahmed Moaz al-Khatib, disse recentemente que os rebeldes precisam desesperadamente de armas para “abreviar o sofrimento dos sírios e seu derramamento de sangue”.
(Agência France-Presse)