Ban Ki-moon expressa apoio à democracia em Mianmar
Suu Kyi diz que prestará juramento no Parlamento apesar de disputa política
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou nesta segunda-feira ao Parlamento de Mianmar (antiga Birmânia) o apoio total do organismo à reforma democrática e disse que chegou a hora de suspender as sanções ao país. Ban chegou a Mianmar no domingo para uma visita oficial de três dias, a sua terceira viagem ao país, e nesta segunda fez o primeiro discurso de uma autoridade estrangeira no plenário do Legislativo.
Em seu discurso, transmitido pela televisão estatal birmanesa, o secretário-geral da ONU pediu ao Parlamento que vele pelo respeito aos direitos humanos e que represente todas as etnias do país. Antes disso, Ban se reuniu com o presidente birmanês, Thein Sein, em sua residência oficial, em Naypyidaw, para informar-lhe dos programas humanitários que a ONU desenvolverá para melhorar as infraestruturas dos serviços de atendimento social, incluindo a habitação e a distribuição de ajuda nas regiões assoladas por conflitos étnicos.
Reformas – Desde que tomou posse em 2011, o Executivo birmanês aprovou uma série de reformas que, até o momento, permitiram a libertação de centenas de presos políticos, a legalização de partidos e sindicatos, uma maior liberdade da imprensa e vários acordos de cessar-fogo com as guerrilhas após mais de meio século de ditadura militar.
Na terça-feira, Ban voltará a Yangun, onde se reunirá com a líder da opositora Liga Nacional para a Democracia e deputada eleita, Aung San Suu Kyi, encontro que não pôde realizar em sua última visita no país em 2009. Na ocasião, o chefe da junta militar, o general Than Shwe, negou-lhe a permissão para visitar a vencedora do prêmio Nobel da Paz, que estava em prisão domiciliar.
Oposição – Também nesta segunda, Suu Kyi anunciou que prestará juramento no Parlamento, apesar da disputa com o regime, que na semana passada a obrigou a assistir à primeira sessão. A vencedora do Nobel da Paz declarou que prestará juramento “de acordo com a vontade do povo”, sem mencionar uma data. Suu Kyi havia se negado até então a prometer “proteger” a Constituição de 2008, da qual pede uma reforma.
“Compareceremos ao Parlamento o mais rápido possível”, afirmou Suu Kyi na sede de seu partido. “A razão pela qual aceitamos é, em primeiro lugar, a vontade do povo. Nossos eleitores votaram por nós porque querem que estejamos no Parlamento”, completou.
A Constituição, concebida pelo regime anterior e aprovada em referendo em 2008, uma semana depois da passagem do ciclone Nargis (138.000 mortos ou desaparecidos), concede importantes poderes aos militares e, para Suu Kyi, a reforma da Carta Magna é uma prioridade. Suu Kyi conquistou pela primeira vez uma vaga de deputada após as eleições históricas de 1º de abril, que transformaram seu partido, a maior força de oposição do país.
(Com agências EFE e France-Presse)