Aviões militares de Japão, Coreia do Sul e China sobrevoam área em disputa
Tóquio e Seul voltaram a entrar na nova zona de defesa aérea chinesa. Pequim reage e também manda aviões para a região
Aviões de uso militar do Japão e Coreia do Sul confrontaram a nova zona de defesa aérea criada pelo governo chinês e sobrevoaram as ilhas de Senkaku nesta quinta-feira, informou o jornal The Guardian. Em resposta, a China também enviou aviões de guerra para manobras na região localizada no Mar da China Oriental, informa a imprensa estatal do país. Os exercícios ocorrem apenas dois dias depois de os Estados Unidos também enviarem dois bombardeiros B-52 para desafiar a determinação chinesa.
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O chefe do gabinete e porta-voz do governo do Japão, Yoshihide Suga, disse que as operações com embarcações e aviões de patrulha continuarão sendo realizadas no setor delimitado pela China. “Eles estão realizando as mesmas atividades de monitoramento que já desempenhavam no Mar da China Oriental”, afirmou. Um oficial da Coreia do Sul declarou que as aeronaves sobrevoaram uma rocha submersa que está em disputa entre Seul e Pequim. O funcionário destacou que a rocha é controlada pelo governo sul-coreano e que a China estava ciente das operações, uma vez que a Coreia do Sul mantém uma estação de pesquisa marítima no local.
O ministério da Defesa da Coreia do Sul comunicou a um funcionário do alto escalão do Exército chinês que a criação da nova zona aérea criou tensões militares na região e pediu para Pequim reconsiderar a sua implantação. A solicitação, no entanto, foi rejeitada. “A China reagiu dizendo que não aceitará as demandas da Coreia do Sul”, disse um porta-voz do ministério sul-coreano. (Continue lendo o texto)
Segundo o porta-voz do ministro da Defesa chinês, Yang Yujun, o Japão implementou uma zona própria em 1969 e teria intenções de elevar a tensão regional. “O Japão sempre culpa os outros e reclama dos outros países, mas nunca examina a sua própria conduta. Se eles querem a zona revogada, eles deveriam reconsiderar a que eles mesmos criaram há 44 anos”, disse. A China também pediu para que companhias aéreas comerciais se adequem às novas medidas após duas empresas japonesas não reconhecerem a nova zona de defesa. “Informamos que a zona não é direcionada para voos internacionais normais. Nós solicitamos que as companhias cooperem de forma proativa para que haja maior ordem e segurança para os voos”, comunicou Quin Gang, porta-voz do chanceler chinês.
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O painel político do partido do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, aprovou uma resolução pedindo para a China rescindir a zona de defesa, sob a alegação de que a medida unilateral reflete um “expansionismo sem justificativa”. O conselho, contudo, retirou do texto uma antiga referência a uma prática de “expansionismo imperialista e pré-moderno”. O governo das Filipinas também se pronunciou contra a determinação chinesa. O porta-voz do chanceler do país afirmou que a zona aérea infringe a liberdade dos voos internacionais, compromete a segurança da aviação civil e “transforma toda a zona” no espaço aéreo doméstico da China.
Visita oficial de Biden – O vice-presidente americano Joe Biden vai usar uma viagem à Ásia na próxima semana para tentar reduzir as tensões entre Japão e China. A visita de Biden ao continente asiático já estava agendada muito antes da crise, mas o novo embate diplomático entre Tóquio e Pequim colocou a questão da zona de segurança como o principal tópico a ser discutido pelo americano na Ásia, informaram fontes do governo dos EUA.