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Audiência de acusados dos atentados de 11-9 começa em clima caótico

Por Da Redação
5 Maio 2012, 19h37

Jairo Mejía.

Base Naval de Guantánamo (Cuba), 5 mai (EFE).- Os cinco acusados pelos atentados de 11 de setembro de 2001, entre eles o suposto cérebro dos ataques, Khalid Sheikh Mohamed, se recusaram a responder às perguntas do juiz em uma audiência militar repleta de atrasos, interrupções e detalhes a discutir.

Um a um, começando por Sheikh Mohammed, os réus se negaram a contestar às perguntas do juiz militar James Pohl, a quem ignoraram de maneira desafiadora, e preferiram passar o tempo lendo o Corão, revistas ou rezando dentro da sala.

A audiência, que após sete horas não tinha chegado à leitura das acusações, entre elas a da morte de quase três mil pessoas nos atentados de 2001, foi constantemente interrompida por discussões sobre detalhes que puseram em evidência as lacunas das comissões militares.

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Primeiro os réus se recusaram a usar fones de ouvido para escutar a tradução de inglês para árabe das perguntas.

Pohl foi obrigado a interromper a audiência rapidamente e, em seguida, retomou com um intérprete fornecendo tradução que era audível por todo o tribunal, o que criou uma atmosfera ainda mais caótica.

Em seguida, David Nevin, advogado civil de Sheikh Mohammed, disse que seu cliente ‘está muito decepcionado pela imparcialidade destas comissões militares’, e por isso ‘optou por não falar’ quando o tribunal se dirigisse a ele.

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Da mesma maneira se pronunciou o advogado militar de Al Hawsawi, suposto responsável pelo financiamento dos atentados, que quis fazer constar na ata suas ‘grandes reservas pelas dificuldades’ que encontraram para realizar seu trabalho devido às limitações legais desta fórmula legal criada pelo ex-presidente George W. Bush.

Além disso, Cheryl Borman, advogada civil de um dos réus, que vestia uma abaya (túnica negra que cobre a cabeça e o corpo) pediu às mulheres da promotoria que se vestissem de maneira recatada por respeito aos acusados muçulmanos. Duas das promotoras vestiam saia e saltos.

Nenhum dos cinco acusados respondeu quando lhes foi perguntado se aceitavam a representação da defesa militar e civil escolhida para este caso, que começou a ser preparado em 2007 e que foi suspenso com a chegada de Barack Obama à Casa Branca e formulado novamente para evitar usar testemunhos obtidos sob tortura.

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O único que levantou a voz foi Ramzi bin al Shibh, que supostamente deveria ser um dos pilotos do voo United 93 que caiu na Pensilvânia, mas que não conseguiu visto para entrar nos Estados Unidos.

‘Talvez não voltem a nos ver aqui nunca mais. Querem nos matar nos campos (da prisão) e farão com que pareça suicídio’, gritou Al Shibh em inglês, antes que o juiz o repreendesse.

Os cinco detentos chegaram separadamente à sala do tribunal e foram rodeados por três guardas cada um para que não falassem, mas em várias ocasiões trocaram impressões.

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Sheikh Mohammed, um dos prisioneiros mais importantes de Guantánamo e que supostamente passou três anos em prisões clandestinas nas quais foi torturado antes de chegar ali, tirou um turbante no meio da sessão e começou a colocá-lo enquanto estava sentado na primeira fila exibindo uma espessa e longa barba.

Bin Attash, ex-guarda-costas de Osama bin Laden que perdeu uma perna no Afeganistão, chegou amarrado em uma cadeira de rodas, aparentemente por problemas de comportamento antes de entrar no tribunal, mas, a pedido da defesa, foi solto logo em seguida.

O defensor militar de Bin Attash, o capitão da Força Aérea Michael Schwartz, disse que seu cliente estava preso por correias porque não está de acordo com este processo e não queria estar ali e que ‘seu comportamento fora do tribunal é reflexo dos problemas que tem pelo tratamento que recebe na prisão’.

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As estritas medidas de segurança da prisão de Guantánamo, na qual ainda estão 169 presos, voltaram a ser tema de discussão para os membros da defesa, que se queixaram dos traumas causados em seus clientes pela reclusão.

A entrada de Sheikh Mohammed ao tribunal foi recebida com uma luz vermelha em toda a sala e a supressão do som para a imprensa convidada, que recebe o áudio da sessão com 45 segundos de atraso para proteger informação secreta.

Dessa maneira, o julgamento propriamente dito contra o autor intelectual do 11 de setembro e seus cúmplices não parece polir seus aspectos técnicos, desde as instâncias para recorrer ou sobre como executar uma eventual pena de morte.

Alguns dos especialistas presentes na Base de Guantánamo acreditam que após quase seis anos que os presos passaram ali, ainda não se vê um horizonte próximo para julgar os responsáveis pelos atentados mais graves da história americana. EFE

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