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Ativistas dizem que China detém dissidentes sob pretexto de quarentena

Críticos do governo disseram que foram presos em salas gradeadas sem contato com suas famílias para, supostamente, evitar propagação do coronavírus

Por Da Redação
30 jul 2020, 18h24

Ativistas de direitos humanos denunciaram a China por usar a quarentena contra o coronavírus como desculpa para deter dissidentes. Segundo o jornal americano The New York Times, após opositores do regime serem liberados da prisão ou da custódia de autoridades, são encaminhados para centros de detenção, onde ficam presos em salas com janelas gradeadas, sem o conhecimento de suas famílias.

O líder chinês, Xi Jinping, há anos sustenta uma campanha para silenciar o ativismo por meio de prisões e vigilância da Internet, de acordo com os ativistas. Antes da pandemia, muitos opositores descreveram a repressão aos direitos humanos na China como a mais agressiva desde o confronto com manifestantes na Praça da Paz Celestial em 1989 – quando o governo enviou tanques para dispersar cinco mil estudantes que protestavam contra a inflação, o desemprego e a corrupção.

Agora, o governo estaria encaminhando críticos para locais secretos para “fazer quarentena”, sem permissão para se comunicar com o mundo exterior, ou para realizar o confinamento em casa, afirma o Times.

O veículo descreve a história de Wang Quanzhang, advogado de direitos humanos, forçado a ficar duas semanas isolado em abril depois de cumprir cinco anos na prisão. Quarentenas de duas semanas – tempo que dura o ciclo de vida do vírus – são comuns no mundo inteiro, mas Wang fez cinco testes para o coronavírus quando estava encarcerado, todos com resultado negativo, além de uma quarentena antes de sua libertação.

Esses indícios sugerem que Wang não foi detido por motivos de saúde pública. Durante o confinamento, seu celular foi confiscado e ele foi vigiado por 20 policiais

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Em entrevista ao Times, o pesquisador chinês da ONG de direitos humanos Human Rights Watch, Yaqiu Wang, disse que a pandemia deu ao governo uma desculpa para restringir o movimento da população, de modo que possa “justificar a violação dos direitos humanos das pessoas”.

Segundo a ONG chinesa Human Rights Defenders, foram registrados ao menos nove outros casos de ativistas que foram libertados recentemente da prisão e mantidos em quarentena. Entre os detidos em isolamento, havia um jornalista que tentou alertar a população sobre o surto inicial de coronavírus em Wuhan, cinco ativistas de direitos trabalhistas e um trabalhador demitido por ter pedido que chineses pegassem em armas contra o Partido Comunista – todos recentemente soltos da prisão.

Jiang Jiawen, o trabalhador contrário ao regime comunista, foi interrogado e detido por 14 dias em um quarto de hotel, com barras de ferro na porta e nas janelas, a mais de 800 quilômetros de sua casa em Pequim. Quatro funcionários do governo guardavam a porta e, segundo ele, sua temperatura não foi averiguada nenhuma vez durante a quarentena.

Ding Yajun foi presa por três anos por protestar contra a demolição de sua casa e, antes de ser liberta em maio, passou por testes de coronavírus e uma quarentena. Mesmo assim, depois de livre, fez um confinamento obrigatório por mais de um mês trancada em uma sala sem janelas.

A lei chinesa permite ao governo impôr quarentenas obrigatórias durante emergências de saúde pública, mas autoridades locais indicaram que a prática de confinar ex-detentos viola esses regulamentos.

O governo da China não é o único a usar a pandemia como justificativa para obter mais poder e reprimir a dissidência. A Índia prendeu críticos, o presidente Rodrigo Duterte, das Filipinas, autorizou a polícia a invadir casas em busca de doentes e, na Hungria, o primeiro-ministro, Viktor Orbán, obteve a regalia de governar por decreto.

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