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Atirador norueguês relata com frieza massacre na ilha de Utoya

Por Da Redação
20 abr 2012, 15h29

Anxo Lamela.

Copenhague, 20 abr (EFE).- O atirador Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em julho do ano passado, disse nesta sexta-feira durante seu julgamento que não se arrepende de seus atos e culpou as autoridades do país por defenderem o multiculturalismo.

Antes de começar a relatar o atentado da ilha de Utoya, no qual matou 69 pessoas, Breivik afirmou que suas palavras soariam ‘horríveis’. Imperturbável, o atirador descreveu de maneira fria o massacre de integrantes da juventude do Partido Trabalhista norueguês. Muitos familiares das vítimas choraram e chegaram até a abandonar o tribunal.

Breivik contou que só hesitou quando chegou na ilha disfarçado de policial, quando teve medo de ser descoberto.

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‘Estava quase paralisado, tinha medo, pensei que não tinha muita vontade de fazer aquilo. Todo meu corpo lutava para não segurar a arma. Centenas de vozes diziam em minha cabeça: ‘não faça, não faça”, declarou Breivik, segundo a transcrição da imprensa norueguesa.

Mas após atirar contra sua primeira vítima, Breivik revelou que entrou numa espécie de transe, no que foi ajudado, segundo o extremista, pelos exercícios de meditação que praticou durante anos, que o ensinaram a anular suas emoções. Breivik fez uma comparação com os soldados ‘banzai’ japoneses, que cometiam ataques suicidas. O atirador afirmou também que estava sob efeito de estimulantes.

Breivik disse que lembrava muito pouco do ocorrido devido ao seu estado de choque e a necessidade de estar atento para se defender (cerca de 600 pessoas estavam em Utoeya no momento do ataque). Apesar disso, ele foi capaz de fazer um relato detalhado do crime, que se assemelha ao que foi revelado pela investigação policial, segundo a promotoria.

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‘Era um caos total, portanto pensei que tinha que entrar nesse edifício e executar o maior número possível de pessoas’, disse Breivik, em referência ao momento em que após os primeiros disparos entrou na cafeteria da ilha.

Dentro do estabelecimento, viu 15 pessoas paralisadas, o que segundo ele parecia ‘muito diferente’ das séries de televisão que assistiu. Momentos depois, ele matou todos eles.

Breivik confessou que sua ideia inicial era que todos os que estavam na ilha morressem, mas sem que ele precisasse assassiná-los: os disparos e os gritos de ‘vão morrer, marxistas’ provocariam pânico nos jovens, que se jogariam no mar e morreriam afogados.

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Mas o plano não funcionou e Breivik decidiu percorrer a ilha. Carregando várias armas e granadas, ele ia matando os jovens que encontrava pelo caminho com tiros na cabeça. O extremista também acertou diversas pessoas que tentavam fugir em botes que chegavam da costa.

‘Foi horrível, foi um banho de sangue’, disse com frieza sobre seus atos, classificados por ele mesmo como ‘bárbaros’ e ‘extremos’. Breivik, no entanto, justificou o atentado afirmando que praticou o crime pelo ‘futuro’ da Noruega e da Europa, ameaçadas pela ‘invasão’ islâmica.

Muitos ‘gritavam’, ‘se fingiam de mortos’ ou ‘suplicavam’, lembrou Breivik. Em certo momento, o atirador pegou um celular e ligou para a polícia para se render, mas como não obteve resposta, continuou com os assassinatos esperando que as forças especiais chegassem e o matassem.

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Neste momento ele se deslocou para outro dos prédios de Utoeya, onde havia 15 jovens escondidos. ‘Vocês o viram?’, ‘vocês o viram?’, disse Breivik para confundi-los. Em seguida, ele disse para os presentes que podiam sair e pegar um bote que tinha chegado para resgatá-los.

O extremista então pegou uma arma e começou a disparar, apontando sempre para a cabeça das vítimas. Brevik chegou a afirmar que salvou a vida de muitos adolescentes, que considerou que tinham menos de 16 anos, e inclusive conversou com um deles, para quem disse que tudo ficaria bem.

Breivik, no entanto, negou que sorria durante o ataque, como declararam alguns sobreviventes. Segundo o atirador, o que aconteceu foi ‘horrível’.

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Quando a polícia chegou na ilha, o assassino pensou em se matar com um tiro na cabeça, mas desistiu do intuito para seguir ‘lutando’ na prisão e defendendo suas ideias. Em nenhum momento, porém, disse que pensou em enfrentar os agentes de segurança, pois eles ‘não são o inimigo’.

‘É duro de escutar, completamente irreal’, declarou Tore Sinding Bekkedal, um sobrevivente de Utoeya que acompanhou o julgamento, que será reiniciado na segunda-feira.

Após fazer o relato, Breivik afirmou que deveria ser considerado culpado, e assegurou que era uma pessoa ‘muito simpática’ e com uma vida social e familiar ‘normal’. EFE

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