Atingido por terremoto no sábado, Haiti aguarda chegada de tempestade
Médicos e equipes de resgate ainda trabalham em condições precárias para tentar salvar vítimas de tremor e temem superlotação
Médicos e equipes de resgate estão trabalhando em condições precárias para salvar as vítimas do terremoto que atingiu o Haiti, no último sábado, 14, ao mesmo tempo em que o país se prepara para a chegada de uma tempestade tropical nesta segunda-feira, 16.
“Estamos implorando por ajuda. Todas as casas foram destruídas, não há lugar para morar. Precisamos de abrigo, ajuda médica e, principalmente, de água”, disse a prefeita da cidade de Pestel, Marie-Helen L’Esperance, a uma rádio local. “Não tivemos nada por três dias e os feridos estão começando a morrer”.
A tempestade tropical Grace deve atingir o território haitiano ainda nesta segunda-feira e o governo emitiu alerta para fortes chuvas, ventos, inundações e deslizamentos de terra. Formado no Oceano Atlântico, a tempestade pode trazer ventos de 100km/h a 120 km/h.
O Haiti foi atingido no último sábado, 14, por um terremoto de 7.2 graus de magnitude e ocasionou a morte de 1.297 pessoas, de acordo com dados oficiais do país. Esse número, no entanto, pode ser ainda maior.
Escolas, hospitais, igrejas e mais de 13.000 residências ruíram com o tremor. Algumas regiões que ainda não se recuperaram totalmente dos danos do furacão Matthew, em 2016, estão entre as atingidas.
O terremoto é a mais recente de uma série de tragédias que afetaram o país nos últimos anos. A descontrolada pandemia de Covid-19, a escalada da violência entre gangues, uma enorme crise econômica e o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho, exacerbaram ainda mais a precariedade enfrentada pela população. Além disso, o país caribenho ainda sente os danos dos tremores de 2011, que arrasaram a capital Porto Príncipe.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse que enviou kits médicos para 30.000 pessoas em Les Cayes, cidade próxima do epicentro do tremor, mas está preocupada que as gangues que controlam as rodovias principais possam interceptar os suprimentos. O grupo armado concordou com um cessar-fogo de uma semana.
Outras ajudas também já foram enviadas para tentar minimizar os danos à população. Estados Unidos, México, República Dominicana, Cuba e Colômbia enviaram ajuda humanitária e equipes de resgate para o Haiti.
Médicos locais afirmam que a situação é catastrófica e que não há materiais básicos como analgésicos, bandagens e itens para imobilização dos feridos.