Damasco, 18 jul (EFE).- Os rebeldes sírios promoveram nesta quarta-feira o maior atentado contra o regime do presidente Bashar Al-Assad desde março de 2011, explodindo uma ambulância na sede da Segurança Nacional em Damasco, causando a morte de três pessoas do alto escalão do país.
O atentado, que representa um ponto chave na rebelião iniciada há 16 meses, causou a morte do Ministro da Defesa, Dawoud Rajiha, do vice-ministro e cunhado de al-Assad, Assef Shawkat, que participavam de uma reunião na sede em questão.
Horas depois do atentado, a televisão oficial síria informou o falecimento de um assistente do presidente, o general Hassan Turkmani, que não resistiu aos ferimentos.
Entre os feridos estão o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim al Shaar, e o chefe da Segurança Nacional, Hisham al Ijtiar, que não correm risco de morte.
A zona do massacre – Abu Rumaneh – foi isolada pelas forças de segurança, que fecharam todos os acessos.
Após o atentado, o regime sírio designou o chefe do Estado- Maior, o general Fahd Jassim al Freich, novo ministro da Defesa.
Em breve discurso à televisão estatal, al Freich chamou os responsáveis pelo atentado de ‘mártires’ . ‘Esta ação covarde e criminosa não influenciará na luta contra terroristas’, disse o recém-nomeado ministro e vice-comandante das Forças Armadas.
O Exército sírio também se comprometeu a ‘limpar a pátria da maldade’ e perseguir os autores do atentado.
Além disso, as Forças Armadas disseram que ‘se há alguém que pensa que o ataque a alguns aliados de Al-Assab pode torcer o braço da Síria, está errado’.
A autoria do atentado foi reivindicada pelo rebelde Exército Livre Sírio (ELS), que afirmou ter feito com a cooperação de agentes de segurança e um cozinheiro da sede da Segurança Nacional.
Os insurgentes planejavam atentar contra um responsável político, mas ao serem informados sobre a realização da reunião desta quarta, mudaram sua ação e decidiram detonar uma ambulância dentro do edifício.
Este é o golpe mais grave que o regime sírio sofreu até então desde o início da rebelião, em março de 2011.
O general Rayiha também era vice-presidente do Comando Geral do Exército e do Conselho de Ministros e teve uma ampla carreira nas Forças Armadas. Nascido em 1947 e de denominação cristã, ocupou o posto de chefe do Estado-Maior até que foi nomeado ministro da Defesa em agosto de 2011.
Já Shaukat era o marido da irmã do chefe do Estado, Bushra, e ocupava o cargo de vice-ministro da Defesa desde setembro de 2011. De credo alauita (derivado do islamismo xiita), como a família Assad, o general Shaukat foi chefe da Inteligência militar e era considerado um dos maiores responsáveis pela segurança do círculo de pessoas mais próximas ao presidente.
Turkmani, outra vítima do atentado, nasceu em 1935 e desempenhou uma longa carreira no Exértico, ocupando cargos de Ministro da Defesa e de chefe do Estado-Maior, até se transformar em assistente de Al-Assad em 2004.
O atentado representa mais um passo na luta dos rebeldes, que há quatro dias combatem o Exército no coração de Damasco.
No começo da manhã, enfrentamentos foram vistos no bairro de Al Midan e no subúrbio nortista de Al Qabun, onde também foram registrados bombardeios das forças governamentais, segundo os grupos opositores.
De acordo com a versão do regime sírio, as tropas perseguem e enfrentam ‘grupos terroristas’ em Damasco, como costumam qualificar a oposição armada.
Enquanto a violência continua na Síria, o Conselho de Segurança da ONU prevê votar ainda nesta quarta a nova iniciativa dos países ocidentais para impor sanções ao regime sírio, um projeto de resolução que conta mais uma vez com a rejeição russa.
No entanto, após o atentado, o mediador internacional Kofi Annan pediu o atraso da votação ao considerar que existe uma ‘margem para um acordo’ com a Rússia após seus contatos com Moscou dos últimos dias. EFE