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Até onde vai a ‘amizade’ entre Putin e Trump?

Nova relação dos EUA com a Rússia impactará o mundo todo

Por Da redação
17 dez 2016, 13h13

A campanha eleitoral do republicano Donald Trump foi marcada por um “namoro” com o presidente russo, Vladimir Putin. A possibilidade de uma relação de amizade entre os líderes gerou preocupação na comunidade internacional quanto às consequências da mudança de posição de Washington com Moscou.

Confirmando sua intenção de elevar o patamar das relações diplomáticas, Trump anunciou nessa terça-feira o CEO da Exxon-Mobil, Rex Tillerson, para a Secretaria de Estado, um dos cargos mais importantes do governo e responsável por conduzir a política externa dos EUA. O engenheiro texano é um notório amigo de Putin e recebeu, em 2013, a medalha da “Ordem da Amizade” da Rússia.

O anúncio veio no mesmo dia em que o próprio presidente russo se disse pronto para um encontro com Trump, mesmo em meio à acusação da CIA de que hackers de Moscou teriam interferido nas eleições de novembro e vazado documentos secretos da candidata democrata, Hillary Clinton. Todos os indícios apontam que o magnata está decidido a consertar os laços com Moscou. Além de alterar a conjuntura internacional, esta nova relação colocará o Trump diante de interesses conflitantes históricos entre EUA e Rússia.

Um dos pontos mais intricados é a crise na Síria. Se seu governo buscar uma aliança com a Rússia para combater o Estado Islâmico (EI), terá que prever o cenário posterior, ou seja, se aceitará o governo do ditador Bashar Assad. “Se Assad ficar no poder, significa uma importante vitória para Putin, que, desde o início da guerra na Síria, dizia que a oposição era formada por terroristas, enquanto os EUA armaram rebeldes e apoiaram a destituição do governo de Damasco”, disse à ANSA Sidney Ferreira Leite, professor de Relações Internacionais da Faculdade Belas Artes e especialista em Oriente Médio.

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Além da crise síria, outros assuntos aparecerão logo no início da gestão de Trump, como o acordo nuclear com o Irã, alcançado em julho de 2015 para inspecionar a produção nuclear de Teerã. O presidente eleito já prometeu que renegociará os termos do tratado, “um dos piores que os Estados Unidos já assinaram”, em suas palavras. O governo iraniano também está descontente e acusa Washington de não aliviar as sanções. Mas a Rússia, que apoiou as negociações junto com Reino Unido, França e China, entrará em alerta caso o republicano reabra o tema.

No entanto, para não bater de frente com Moscou em todos os assuntos externos, o magnata poderá adotar a estratégia de amenizar a pressão contra a Rússia no conflito na Ucrânia. “Trump vai dizer que a Rússia é uma parceira, amiga, e pode acabar aliviando na questão da Ucrânia, que é exatamente o que a Rússia quer”, prevê o cientista político e professor de Relações Internacionais da ESPM Heni Ozi Cukier. “Mas essa decisão terá uma consequência chocante para a Europa”, concluiu o professor da ESPM à ANSA.

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Isso porque outro mote da campanha de Trump foi reformular a atual configuração do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O republicano prometeu que, se eleito, exigiria mais participação financeira e militar dos países-membros e “não se sentiria obrigado a defender seus parceiros”.

No entanto, pleitear que a Europa invista mais em defesa, mas ao mesmo tempo dar poder ao seu inimigo, a Rússia, não faz sentido. “Os EUA são como um cobertor de segurança, se decidirem se retirar, as animosidades vão aumentar entre os europeus. Alguns países do leste começarão a se armar, a sentir insegurança, questionando qual posição tomar também em relação à Rússia”, analisou Cukier.

(Com ANSA)

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