Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Assombrado pela crise, Evo Morales assume terceiro mandato

Queda nos preços de produtos exportados pelo país – principalmente para o Brasil, maior parceiro comercial – deve complicar os planos do mandatário

Por Da Redação
23 jan 2015, 00h18

O presidente da Bolívia, Evo Morales, assumiu nesta quinta-feira seu terceiro mandato consecutivo prometendo levar adiante o “socialismo originário” de seu governo e com a sombra de uma crise econômica pairando sobre seus planos. Depois de vencer a eleição de outubro com 60% dos votos, ele poderá ter um novo período de governo complicado pela acentuada queda nos preços das matérias-primas que o país exporta.

Morales nem precisaria ter sufocado adversários, perseguido a imprensa e subjugado o Judiciário para se manter no poder, já que o PIB do país tem apresentado crescimento significativo, de 5% em média. Além disso, a distribuição de dinheiro mantém a dependência do povo em relação ao Estado. Críticos preveem que os intensos gastos sociais não poderão ser mantidos se não forem descobertas novas jazidas de gás, num momento no qual os preços caíram devido à menor demanda mundial.

De fato, ele conseguiu reduzir a pobreza e preservar a responsabilidade fiscal, mas a economia da nação andina depende em grande parte da exportação de gás natural, do qual uma terça parte é consumida no Brasil. O pagamento é feito de maneira generosa pela Petrobras, que em 2006 teve refinarias expropriadas.

Leia também:

Vitória folgada de Evo traz ameaça de reeleição infinita

Continua após a publicidade

Para Evo, ‘nacionalização’ de empresas garantiu vitória

Na época das vacas magras, porém, “terá que governar em um contexto de queda [do preço] do petróleo e, por isso, de diminuição dos preços do gás, ou seja, terá que fazê-lo já não mais em condições do boom econômico dos nove anos anteriores”, afirmou o analista independente Carlos Toranzo.

Nesta quinta, a presidente Dilma Rousseff assistiu à cerimônia de posse na Assembleia Legislativa – ela deixou de comparecer ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, para prestigiar o colega. Também estiveram presente Nicolás Maduro, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador. Todos viram Morales mandar uma mensagem inequívoca de sua ideologia, ao prestar juramento com o punho esquerdo erguido “pelo povo boliviano e pela igualdade de todos os seres humanos”. Também ouviram Morales dizer que no seu país “não mandam os gringos, mas os índios”.

Morales também mencionou entre seus planos para o mandato previsto para ir até 2020 uma reforma no Judiciário, a promessa de que seu país voltará ao oceano Pacífico com “soberania” – tema que envolve um litígio com o Chile na Corte Internacional de Justiça. Também falou em avançar na mudança do perfil produtivo da nação. As estatizações dos últimos anos afugentaram os investidores e, depois de eleito, o mandatário apressou-se em tentar afastar o temor de uma nova onda de expropriações. A preocupação é válida uma vez que, como outras atividades econômicas não prosperam, os bolivianos continuam sem empregos decentes, trabalhando em sua maioria no setor informal.

Continua após a publicidade

Leia mais:

Bolívia inverte relógios como ‘símbolo de identidade’

Estatal boliviana controlará gasoduto que tem a Petrobras como sócia

Com domínio na Assembleia, ele também poderá buscar uma reforma constitucional que incorpore a reeleição por tempo indefinido. Seu terceiro mandato já foi resultado de uma manobra ao pressionar por uma mudança na Constituição em 2009. Depois disso, o primeiro mandato passou a ser desconsiderado, para fins eleitorais, por ter transcorrido sob a Carta anterior.

Continua após a publicidade

(Com agências Reuters e France-Presse)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.