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Assassino da Noruega assume crimes e assiste impassível às imagens da matança

Por Por Pierre-Henry DESHAYES
16 abr 2012, 13h46

Anders Behring Breivik admitiu a autoria, mas não aceitou ser considerado penalmente culpado pela matança de 77 pessoas em julho na Noruega, e assistiu impassível às gravações de suas ações exibidas durante o primeiro dia de seu julgamento.

Mostrou-se imperturbável durante toda a manhã, à exceção de raros momentos em que chegou a sorrir, mas, inesperadamente, chorou quando o tribunal projetou um filme de propaganda realizado e difundido por ele na internet no dia 22 de julho, dia dos ataques.

O choro foi motivado em parte, segundo contou o próprio réu a seu advogado Geir Lippestad, devido “ao fato de que cometeu seu gesto, que descreveu como atroz, mas necessário, com o objetivo de salvar a Europa de uma guerra em curso”.

“É improvável que seja arrependimento; ele sentiu pena de si mesmo, não das famílias”, declarou um advogado das famílias das vítimas, Mete Yvonne Larsen, ao comentar o choro do réu.

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“Eu reconheço os fatos, mas não reconheço minha culpa”, declarou Breivik. “Invoco a legítima defesa”, acrescentou, explicando que agiu contra “traidores da pátria” culpados de vender a sociedade norueguesa ao Islã e ao multiculturalismo.

Ao entrar no tribunal, Breivik bateu no peito com a mão direita antes de estender o braço, com punho cerrado, para o público de cerca de 200 pessoas, composto por famílias de vítimas, sobreviventes, jornalistas e quatro psiquiatras. Esta saudação, explica em um manifesto publicado na internet, representa “a força, a honra e um desafio aos tiranos marxistas na Europa”.

De terno escuro, camisa branca e gravata bege dourada, Breivik que se apresentou como escritor declarou para os cinco juízes: “Eu não reconheço o tribunal norueguês”.

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Também não demonstrou a menor emoção quando foi difundida a chamada de socorro à polícia de Renate Taarnes, de 22 anos, que tentava escapar do massacre na ilha de Utoeya, onde 69 jovens – a maioria menores de 20 anos – foram executados em sua maioria com um tiro na cabeça.

“Venham rápido… Os disparos não param”, suplicou a jovem ao policial incrédulo que atendeu a ligação. A moça conseguiu sobreviver à chacina.

Durante a primeira pausa da manhã, Breivik nem se incomodou em levantar, ao contrário do habitual, quando os juízes, entre eles a presidente Wenche Elizabeth Arntzen, saíram da sala.

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O julgamento do massacre mais sangrento cometido na Noruega desde a Segunda Guerra Mundial teve início sob um forte esquema de segurança e com uma presença considerável da imprensa.

O procedimento deverá durar seis semanas e a principal questão será a sanidade mental do acusado, que já reivindicou o massacre.

Breivik, 33 anos, é acusado de “atos de terrorismo”. Seu depoimento deve ocorrer na terça-feira.

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Mas seu advogado, Geir Lippestad, que tem a ajuda de três assistentes, já preveniu: “Será extremamente difícil escutar suas explicações”. Segundo o defensor, “ele vai lamentar por não ter ido mais longe em sua carnificina, caracterizada por ele como ‘atroz, mas necessária'”.

O procurador Inga Bejer Engh leu a ata de acusação e enumerou o nome das 77 vítimas. Das vítimas, oito foram mortas na explosão de um carro-bomba próximo de uma das sedes do governo e 69 foram friamente assassinadas na ilha de Utoeya.

Em um silêncio quase religioso, apenas os nomes das vítimas eram ouvidos.

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As famílias das vítimas demonstravam sua desaprovação acenando com a cabeça. Algumas pessoas sufocavam os soluços.

Breivik manteve sua cabeça e olhos baixos, com o rosto completamente impassível, como se não ouvisse o procurador declarar solenemente: “O acusado praticou crimes extremamente graves em uma escala que até agora nunca foi vista em nosso país nos tempos modernos”.

Durante a intervenção do segundo promotor, Svein Holden, Breivik se mostrou mais ativo e atento: tomou notas, olhou para as diferentes imagens projetadas pela acusação em uma tela gigante.

Seu rosto até esboçou um sorriso quando Holden contou como o acusado tinha vendido diplomas falsos.

Caso os juízes, em seu veredicto esperado para julho, o considerem penalmente responsável, Breivik pegará 21 anos de prisão, uma pena que pode ser prolongada pelo tempo que ele for considerado perigoso.

Do contrário, deverá ser submetido a um tratamento psiquiátrico em um hospital fechado, provavelmente pelo resto de sua vida.

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