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Assad promete referendo e mão de ferro contra o terrorismo

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10 jan 2012, 13h16

O presidente sírio Bashar al-Assad voltou a se defender das acusações de ter ordenado atirar contra seu próprio povo e prometeu uma reforma, com um referendo em março, mas acusou os estrangeiros de tentar desestabilizar seu país e prometeu combater o terrorismo com “mão de ferro”.

Em um discurso de 45 minutos transmitido pela televisão estatal nesta terça-feira, o presidente sírio, que enfrenta há meses uma rebelião popular, anunciou a organização de um referendo em março para mudar a atual Constituição, que confere um papel dominante ao partido Baath.

“Quando a comissão sobre a nova Constituição encerrar seus trabalhos, acontecerá um referendo na primeira semana de março”, afirmou Assad.

“E esta consulta poderá ser seguida por eleições gerais em maio, já com a nova Carta Magna em vigor”, completou.

Antes de anunciar o referendo, Assad atacou as potências estrangeiras.

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“Interesses regionais e internacionais que estão tentando desestabilizar a Síria não podem mais falsificar os fatos e os eventos”, afirmou Assad em um discurso exibido pela televisão síria.

“Nenhuma autoridade deu ordem alguma para abrir fogo contra os manifestantes. Governo com a vontade do povo e, se renunciar ao poder, também será pela vontade do povo”, completou.

Assad acusou fundamentalmente os meios de comunicação regionais e internacionais de “tentar incessantemente que a Síria caia”.

“Apesar do fracasso, não se dão por vencidos”, acrescentou.

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“Tentaram atingir o líder falsificando minha entrevista ao canal americano ABC”, completou.

No início de dezembro, o regime sírio acusou a emissora de ter alterado deliberadamente as declarações de Bashar al-Assad na exibição de uma entrevista com o presidente sírio, para apresentar o país sob um ângulo negativo.

No mesmo discurso, Assad prometeu usar “mão de ferro” para enfrentar o terrorismo, poucos dias depois de um atentado que matou 26 pessoas em Damasco, um ataque atribuído pela oposição ao próprio regime.

“Não pode existir alívio para o terrorismo, o combateremos com mão de ferro. A batalha contra o terrorismo é uma batalha nacional, não uma batalha do governo”, concluiu o chefe de Estado.

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“Não podemos tolerar aqueles que aterrorizar as pessoas, ou aqueles que são cúmplices com (partes) estrangeiras”, disse ainda.

“A batalha com o terrorismo é a nossa luta de todos, todos devem participar, mas um Estado forte é um Estado que sabe perdoar”, acrescentou.

Mas voltou a negar que tenha ordenado às forças de segurança agir com violência durante as manifestações contra seu governo.

“Nenhuma ordem foi dada da parte de qualquer autoridade para abrir fogo contra os manifestantes”, afirmou Assad, enfatizando que, “segundo a lei, ninguém pode abrir fogo exceto em caso de autodefesa”.

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“Eu governo com a vontade do povo e se eu renunciar ao poder, também será pela vontade do povo”, acrescentou al-Assad, que sucedeu seu pai em 2000.

Pouco antes, durante um discurso na Igreja de Santa Cruz de Damasco, transmitido pela televisão, o Grande Mufti da Síria, Sheikh Ahmad Badreddine Hassoune, convidou os adversários a “depor as armas” durante uma missa muçulmanos e cristãos em memória de 26 vítimas mortas na sexta-feira em um atentado suicida em Damasco.

“Se quiserem participar no poder apresentem seus programas, sem empunhar as armas, e, se nos convencerem, nós os aplicaremos”, afirmou o mufti, cujo filho, Sariah Hasun, foi morto em outubro passado numa onda de atentados contra os aliados do governo.

Opositores sírios, por sua vez, chamaram de “incitação à violência” o discurso do presidente sírio.

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Para o Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maioria da oposição a Assad, “há uma incitação à violência, uma incitação à guerra civil” no discurso.

“Também há palavras sobre a divisão religiosa que o próprio regime fomentou e estimulou”, declarou em uma entrevista coletiva em Istambul Basma Qodmani, integrante do CNS.

“Isto indica que o regime segue para um comportamento ainda mais criminoso e irresponsável”, completou.

O discurso de Assada acontece em plena controvérsia sobre a missão de observadores da Liga Árabe, presente na Síria desde 26 de dezembro para elaborar um relatório sobre a situação no país.

Apesar das críticas pela repressão que nos últimos dias continuou cobrando vítimas – foram dez civis mortos nesta terça-feira, segundo a oposição -, esse organismo decidiu no domingo manter e reforçar sua missão.

Mas o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, denunciou nesta terça os atos de violência contra os osbservadores de sua organização, considerando que o regime Assad tem a responsabilidade de defender a delegação árabe.

“A Liga Árabe denuncia ações irresponsáveis e atos de violência contra seus observadores”, indicou Arabi em um comunicado.

“A organização considera que o governo sírio é totalmente responsável pela proteção dos membros da missão de observadores da Liga. Alguns membros da missão foram vítimas de violentos ataques realizados por partidários do regime em Latakia e Deir Ezzor, e por indivíduos considerados membros da oposição em outras zonas do país”, afirma o texto.

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