Assad apoia ‘atuação imparcial’ da Cruz Vermelha
Presidente sírio se reuniu com líder da organização nesta terça-feira. Enquanto isso, oposição anunciou ter descoberto 10 corpos nos arredores de Damasco
O presidente da Síria, Bashar Assad, declarou nesta terça-feira que apoia a ação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), desde que a entidade permaneça “imparcial”, após receber em Damasco o presidente da organização, Peter Maurer, que exige melhor acesso às milhares de pessoas afetadas pela guerra civil no país. Segundo informações da imprensa estatal síria, o mandatário concorda com “as operações humanitárias realizadas pelo comitê na região, enquanto elas permanecerem independentes e imparciais”.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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O porta-voz sírio Hicham Hassn, que não deu mais detalhes sobre as negociações, disse que Maurer conversou durante 45 minutos com Assad. A CICV informou, antes da reunião, que o objetivo do encontro seria discutir a situação humanitária, que se deteriora rapidamente no país desde que o presidente vem tentando acabar com um levante contra seu regime, que teve início há mais de um ano.
Maurer, que visita o país pela primeira vez desde que assumiu a liderança da Cruz Vermelha, em julho deste ano, ainda pretende se reunir com o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, e o responsável pela pasta de Interior, Mohammed Ibrahim al Shaar, entre outros.
Assassinatos – Enquanto isso, fontes da oposição síria denunciaram nesta terça-feira a descoberta de dez corpos na cidade de Muadamiya, nos arredores de Damasco. Nos últimos dias foram encontrados restos de diversos cidadãos, alguns com sinais de tortura, na capital e sua periferia.
Dados do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) apontam que, até o momento, pelo menos 36 pessoas, incluindo 17 civis, 12 soldados e sete rebeldes, morreram hoje. Além das dezenas de vítimas registradas todos os dias no país, mais de 100.000 sírios fugiram em agosto para se refugiar em países vizinhos.
Paralelamente, ataques do regime contra as forças rebeldes continuam sendo realizados em diferentes regiões, principalmente Alepo, a segunda maior cidade do país e redutos das forças rebeldes, além de Damasco, Hama, Homs, Idleb e Deraa.
Por falta de um consenso sobre uma solução para o conflito, a comunidade internacional se concentra na assistência humanitária na região, questão abordada por Maurer no encontro com Assad.
(Com Agências Reuters e EFE)