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Armados com lápis e papel, italianos vão às urnas no domingo

Partido fundado por ex-comediante e retorno de Silvio Berlusconi à política não parecem suficientes para dissipar apatia eleitoral na Itália

Por Nathalia Watkins, de Bolonha
Atualizado em 2 mar 2018, 22h11 - Publicado em 2 mar 2018, 06h59

A última semana antes das eleições gerais na Itália foi a mais fria do invernoa neve fechou aeroportos e levou os termômetros a uma dezena de graus abaixo de zero nos últimos dias do mês de fevereiro. Nas ruas, foi raro sentir o calor das eleições gerais de domingo, 4. Esta é o primeiro pleito a ocorrer sob as novas regras eleitorais, aprovadas em 2015, que proíbem financiamento de campanhas com dinheiro público. Sem verba, os partidos substituíram cartazes e palanques pelas redes sociais. Resultado: eleitores apáticos em um país onde o voto não é obrigatório.

A campanha foi tediosa e não atraiu a atenção do público. A classe política está desconectada das principais demandas dos eleitores –economia e imigração– e muitos se questionam se votar vale ou não a pena, diz a VEJA o analista italiano Wolfango Piccoli, diretor de pesquisa da consultoria Teneo Intelligence, com sede em Londres. 

O impacto das campanhas sobre os eleitores será efetivamente conhecido menos de 48 horas após os italianos irem às urnas. Munidos de título eleitoral, identidade e lápis, os cidadãos deverão marcar um e “x” no partido de sua preferência em cédulas grandes e coloridas.  Apesar de rudimentar, o sistema é o preferido por italianos de todas as faixas etárias. Seja por receio de fraudes com urnas eletrônicas ou apenas por apego ao passado, é assim que 46.6 milhões de italianos elegerão 630 deputados e 42.8 milhões, os 315 senadores — a diferença nos números deve-se ao fato de que jovens entre 18 e 24 anos só podem escolher membros da Câmara.

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 A participação popular será chave para o resultado da eleição.  Espera-se que o Movimento Cinco Estrelas (MCE), fundado pelo comediante Beppe Grilo, se beneficie do voto jovem. Contudo, é esperada a participação de apenas 70% dos eleitores. Em 2013, a taxa ficou em 75% e foi a mais baixa desde 1948. 

A votação na Itália acontece entre as 7h da manhã e as 23h. Os resultados começam a ser computados imediatamente após o fechamento das urnas e a previsão é que a contagem de votos termine antes das 2h de segunda-feira. Os votos para o Senado são contados primeiro, seguidos pelos da Câmara.

 Teste do novo sistema eleitoral

O sistema eleitoral italiano foi reformado em 2017. Agora, um terço dos assentos –232 dos 630 da Câmera e 116 dos 315 do Senado– serão escolhidos por maioria simples. Os demais 386 deputados e 193 senadores serão eleitos pelo sistema proporcional. Italianos que vivem fora do país elegerão 12 deputados e seis senadores. Os eleitores perderam o direito de escolher os candidatos, votam pela legenda e todo o resto foge de seu controle, diz Gianfranco Pasquino, cientista político da Universidade Johns Hopkins (SAIS) na Europa e professor emérito da Universidade de Bolonha.

Há também uma cláusula de barreira em vigor: para serem qualificados, os partidos devem conquistar ao menos 3% das cadeiras. Legendas que receberem menos de 3% mas alcançarem 1% dos votos e estiverem aliadas a partidos maiores terão os votos transferidos para outros da mesma coalizão.

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 O que vem por aí

 As últimas pesquisas, publicadas 15 dias antes das eleições, mostram a coligação liderada por Silvio Berlusconi, apelidado de nonno italiano, como a mais forte, mas o MCE aparece como o mais popular enquanto partido único. 

Segundo as pesquisas, a sigla de Beppe Grillo tem 26.3% da intenção de votos. Já a coligação do ex-primeiro ministro Berlusconi soma 37.5% do apoio popular (dividido entre Força Itália com 15,9%, Liga do Norte com 14,8%, Irmãos da Itália com 5% e Nós com a Itália, 1.8%). Já o Partido Democrático poderia angariar 21.3% dos votos. Contudo, as surpresas parecem inevitáveis, com três em cada dez italianos se dizendo indeciso quanto ao voto.

(Arte/VEJA)

O mais provável é que Berlusconi, que dominou a cena política italiana por quase 20 anos e está impedido de assumir cargos públicos até 2019, seja peça chave para a formação do novo governo. A possibilidade de que os resultados garantam uma ligeira vantagem para a centro-direita não está descartada. Contudo, o cenário mais frequentemente apontado como plausível é que nenhum partido ou coalizão obtenha maioria. As últimas projeções apontam para um quadro onde a centro-direita conseguiria 290 assentos na Câmara (são necessários 316 para maioria) e cerca de 136 no Senado (onde a maioria exige 158 membros). Uma aliança entre o Partido Democrático de Matteo Renzi e o Força Itália, de Silvio Berlusconi, teria ainda menos cadeiras no parlamento (270), e forçaria as legendas a buscar apoio em partidos menores — cenário que deixaria ainda mais incerta a governabilidade do país.

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