Argentina rejeita reunião com representantes das Malvinas
Governo britânico se diz “desapontado” com posição argentina, que defende conversa bilateral com a Grã-Bretanha sobre o futuro do território ultramarino
O Ministério de Relações Exteriores da Grã-Bretanha expressou “profundo desapontamento” com a decisão da Argentina de rejeitar uma conversa sobre as Ilhas Malvinas que inclua representantes do arquipélago. O chanceler argentino, Hector Timerman, descartou uma reunião com as três partes envolvidas, mas o governo britânico considera “impensável” que representantes das Falklands não participem.
A reunião está prevista para semana que vem, em Londres. Mas Timerman, que defende uma conversa bilateral, lamentou que os britânicos não aceitem uma reunião sem a presença dos kelpers. “Jamais me ocorreu que me imponham condições, não preciso que haja outras pessoas na reunião. Não entendo por que o chanceler britânico tem medo de se reunir comigo”, disse o ministro, segundo o diário argentino Clarín.
O chanceler argentino ainda ironizou, dizendo lamentar que o ministro William Hague não possa se reunir com ele “sem a supervisão dos colonos”. Acrescentou que a decisão britânica “seguramente prejudicará o interesse argentino de trabalhar com a Grã-Bretanha” em fóruns internacionais.
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Representantes de Port Stanley vão a Londres para dizer a Timerman que Buenos Aires deve respeitar os direitos das pessoas que moram nas Falklands e deixá-las em paz, indicou o jornal inglês The Guardian.
“Nós não estamos preparados para ter uma reunião na qual os moradores das Falklands não estejam representados ou na qual as Ilhas Falklands não sejam mencionadas”, disse um porta-voz do ministério britânico. “Estamos profundamente desapontados com a resposta argentina”.
O governo britânico afirma que em dezembro, quando a embaixada argentina solicitou que Hague recebesse Timerman durante a visita do chanceler a Londres, foi avisado que a reunião teria a participação de representantes das ilhas.
O chanceler argentino estará em Londres de segunda a quarta para reunir-se na embaixada argentina com 18 grupos europeus que apoiam a posição argentina sobre as Malvinas. A presidente Cristina Kirchner passou a reclamar a soberania sobre as ilhas com mais vigor desde o aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas, em abril do ano passado. O arquipélago é administrado pela Grã-Bretanha desde 1833.
Referendo – Em março, uma consulta popular com os cerca de 3.000 habitantes do arquipélago deverá definir o status político das Malvinas, território ultramarino britânico. A Assembleia Legislativa local ressalta a posição britânica de se opôr a qualquer negociação que envolva a soberania das ilhas, “a menos e até que os habitantes assim queiram”. “O resultado do referendo vai demonstrar definitivamente que nós não queremos”, diz um comunicado da assembleia.
Os legisladores afirmam ter informado a presidente argentina, em uma carta enviada no ano passado, que o governo local está disposto a negociar com a Argentina apenas para “discutir assuntos de interesse comum, incluindo pesca e comunicação”.