Nações Unidas, 13 jun (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reivindicará nesta quinta-feira a soberania das ilhas Malvinas perante o Comitê de Descolonização da ONU, mesmo fórum no qual os ‘kelpers’ (malvinenses) defenderão a convocação de um referendo de autodeterminação como saída ao conflito.
Respaldada por uma comitiva de quase cem pessoas, Cristina liderará na quinta-feira a delegação que defende a soberania argentina sobre as ilhas, em uma sessão histórica. Essa é a primeira vez que um chefe de Estado discursa perante o chamado Comitê Especial de Descolonização.
A data escolhida para a sessão, 14 de junho, é significativa, pois se trata do 30º aniversário da rendição das tropas argentinas que ocuparam as Malvinas em 2 de abril de 1982 e enfrentaram a forças britânicas. O conflito terminou com pelo menos 650 mortos no primeiro bando e 255 no segundo.
O comitê sempre celebra suas sessões em meados de junho, mas a escolha da data exata foi um pedido de Buenos Aires ‘para realçar o histórico do momento’, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas na ONU.
Dessa forma, a Argentina usará ua equipe diplomática para defender sua soberania sobre um território sob controle britânico desde 1833. Enquanto isso, o Governo das Malvinas defenderá que a ONU reconheça o resultado do referendo popular sobre o assunto que quer realizar em 2013.
A Assembleia Legislativa do arquipélago mandou uma representação de oito pessoas, composta por vários membros e também jovens malvinenses. Segundo explicou à Efe um dos participantes da assembleia, Roger Edwards, eles explicarão seu desejo por deixar as coisas como estão.
Edwards e seu colega Mike Summers farão perante o comitê o anúncio oficial que em 2013 consultará os malvinenses e também explicarão sua visão para a Cristina. ‘Não acho que o referendo mude a atitude do Governo da Argentina, mas mostrará ao resto do mundo que os malvinenses querem manter as coisas como estão. Estamos contentes como um território ultramar do Reino Unido’, disse.
A delegação malvinense quer se reunir com Cristina para explicar a preocupação perante os atuais movimentos da Argentina, segundo disseram.
A missão do Reino Unido perante a ONU reconhece que a visita da presidente é ‘estranha’ e lamentam ‘a mudança de tom’ por parte das autoridades argentinas neste 30º aniversário da guerra. Há uma década, o episódio foi lembrado com unidade e houve uma aproximação entre as partes.
‘Este ano é completamente diferente e Buenos Aires passou os últimos seis meses usando uma linguagem beligerante, aumentando a retórica. O único que mudou foi a política e a economia na Argentina’, explicou o embaixador britânico perante a ONU, Mark Lyall Grant perante a imprensa.
Além de participar do comitê das Nações Unidas, Cristina será recebida amanhã pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e na sexta-feira se reunirá com empresários da indústria petrolífera americana para analisar o possível interesse em investir na empresa recentemente nacionalizada YPF. EFE