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Argentina lembra 10 anos de revolta após crise econômica

Por Ali Burafi
19 dez 2011, 20h43

Milhares de pessoas participam nesta segunda-feira de marchas e atos que lembram a revolta popular que há 10 anos deixou 38 mortos e derrubou o governo de Fernando de la Rúa, em meio a uma das piores crises da história argentina, que afundou sua economia e suas finanças.

“Isso nunca mais pode acontecer no país”, disse o chefe de gabinete Juan Manuel Abal Medina, ao percorrer uma mostra fotográfica com imagens impactantes da explosão social e das cenas mais dramáticas da repressão.

Os tiros da polícia deixaram um saldo de 38 mortos em todo o país, segundo a última cifra atualizada depois das investigações da Justiça, uma das causas da saída do ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001), mas cuja instância oral será aberta em 2012 contra ex-funcionários e ex-policiais.

De la Rúa, um líder da ala conservadora do partido Radical (social-democrata, hoje oposição) teve de renunciar e fugir em helicóptero da casa de governo, sitiada por milhares de manifestantes que resistiram ao ataque policial durante todo o dia de 20 de dezembro de 2001.

As manifestações mais cheias ocorreram em frente ao Congresso de Buenos Aires, na cidade de Rosário (300 km ao norte) e na de Córdoba (700 km ao norte), onde foi registrada a maior parte das mortes, incluindo as mortes de nove menores de 18 anos.

O país sofreu um terremoto político, institucional e econômico, teve cinco presidentes em 12 dias, durante os quais foi assinada a declaração da maior moratória de uma dívida soberana na história, de quase 100 bilhões de dólares.

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A Argentina arrastava três anos de recessão e o plano de ajuste fiscal de De la Rúa, lançado em 1999, não fez mais do que agravar a situação até chegar ao colapso, segundo analistas econômicos e historiadores.

A exibição de fotos organizada pela Associação de Repórteres Fotográficos da Argentina (ARGRA) ocorre pelos 1.800 metros que separam a Casa Rosada do Congresso, epicentro dos distúrbios de uma década atrás.

Entre 19 e 20 de dezembro de 2001, centenas de milhares de argentinos saíram às ruas fazendo soar suas panelas e cantando “todos devem ir embora”, um slogan que resumia a saturação com a liderança política e os funcionários de governo.

As ruas do centro da capital encheram de pedras com as quais os manifestantes tentavam barrar os cavalos da polícia montada e os veículos das forças de segurança, em confrontos que se repetiam a alguns metros da Casa de Governo.

De la Rúa tentou frear a explosão social em 19 de dezembro ao decretar o estado de sítio, mas o anúncio teve efeito contrário e dezenas de milhares de manifestantes protestaram na frente da casa do ministro da Economia, Domingo Cavallo, para exigir sua renúncia.

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Cavallo havia imposto em 1º de dezembro daquele ano um gigantesco congelamento de quase 70 bilhões de dólares em depósitos bancários (corralito) e quatro dias mais tarde o FMI tirou o apoio ao governo.

No entanto, na populosa periferia de Buenos Aires e em meio a uma situação social desesperadora, multidões saqueavam dezenas de supermercados.

Um festival de música foi realizado em frente ao Congresso, convocado por entidades humanitárias, sindicais e sociais próximo à sede de governo.

Momentos antes, foi realizada pela primeira vez uma homenagem do Congresso às Mães da Praça de Maio, que em 20 de dezembro foram brutalmente reprimidas pela polícia montada na Praça de Maio, onde estas realizam sua ronda.

Em Rosário, órgãos de direitos humanos, partidos políticos de esquerda e sindicatos somaram-se ao ato central diante do Monumento à Bandeira pedindo justiça pelos dez assassinatos cometidos na província de Santa Fé (centro), segundo a Comissão de Familiares das Vítimas da repressão.

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