Argentina expande luta contra Covid-19 para teatros e clubes de futebol
Perto da marca de 2 milhões de casos, país passou a utilizar espaços fora do sistema de saúde, como Memorial de Núñez, para vacinar e testar população
Prestes a alcançar a marca de 2 milhões de casos do novo coronavírus e mais de 48 mil mortes, a Argentina vem adotando uma nova estratégia para frear o avanço da pandemia em seu território: a utilização de espaços fora do sistema de saúde para vacinar e testar a população.
Entre esses locais estão pontos turísticos como o lendário Teatro Colón e o estádio Monumental de Núñez, casa do River Plate. No entorno do estádio, o silencioso vaivém das pessoas que vão ser vacinadas contrasta com a agitação dos torcedores antes das partidas.
“A ideia de que os clubes participem é uma mensagem porque têm muita representatividade social”, explicou à AFP Gabriel Batistela, subsecretário de Atenção Básica, Ambulatorial e Comunitária da Cidade de Buenos Aires.
Além do River Plate, o seu maior rival, o Boca Juniors, também participará da estratégia, assim como San Lorenzo, Huracán, Vélez Sarsfield, Racing e Atlanta. A participação dos clubes “adiciona um ponto positivo e uma disseminação da mensagem da vacinação”, afirmou Batistela.
Além dos estádios de futebol, o governo também irá instalar postos de vacinação em museus, centros culturais, fundações, clubes de bairro e casas de repouso, informou a prefeitura de Buenos Aires.
Desde o último fim de semana, o histórico Pasaje de los Carrda
Apesar de o Colón estar fechado para espetáculos, a diretora do teatro, María Alcaraz, convocou trabalhadores e artistas da casa para colaborar com a campanha de saúde.
“Para o Teatro Colón esta é talvez a ópera ou obra mais emblemática e mais importante de toda sua vida: emprestar sua infraestrutura a uma causa que tem a ver com a saúde”, relatou à imprensa.
Vacinação
Desde 29 de dezembro, uma campanha nacional de imunização voluntária tem como objetivo vacinar primeiro os profissionais de saúde e depois aqueles com mais de 70 anos de idade. A única vacina que a Argentina tem no momento é a Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya, que acaba de ser validada com êxito científico quando se comprovou que tem uma eficácia superior a 91%.
A Argentina, primeiro país da América Latina a aplicá-la, já recebeu 820 mil doses de um contrato de mais de 19 milhões que prevê até o final de fevereiro. Em discurso na última segunda-feira, o chefe de gabinete Santiago Cafiero afirmou que o país já aplicou 370.000 doses.
Agora, além das doses prometidas, o país busca um acordo para produzir a Sputnik V em seu território. O embaixador argentino na Rússia, Eduardo Zuain, explicou que sua missão diplomática terá “o objetivo principal de garantir o fornecimento da vacina”.
Além do contrato com o Gamaleya, a Argentina tem acordos de prestação de serviços com a Universidade de Oxford, associada à farmacêutica AstraZeneca, e com o mecanismo Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O governo argentino afirmou que “tem garantidas mais de 51 milhões de doses”.