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Argentina congela bens do Hezbollah, suspeito do atentado contra a Amia

Grupo libanês e o Irã são apontados como responsáveis pelo ataque contra associação judaica, em 1994; nenhuma pessoa foi condenada

Por Da Redação
Atualizado em 18 jul 2019, 15h59 - Publicado em 18 jul 2019, 15h05

Autoridades da Argentina determinaram o congelamento de bens do Hezbollah no país nesta quinta-feira, 18, e designaram o grupo islâmico libanês, ao qual atribui dois ataques em seu território, como uma organização terrorista. O anúncio se deu no 25º aniversário do ataque a bomba contra um centro comunitário judeu, a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em Buenos Aires, que matou 85 pessoas.

A Argentina culpa o Irã e o Hezbollah pelo atentado, embora ambos neguem responsabilidade. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, está no país para participar dos eventos em memória às vítimas do ataque. A Argentina também culpa o Hezbollah pela explosão da embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992, que deixou 29 mortos.

A unidade de informações financeiras do governo da Argentina ordenou o congelamento de bens de membros do Hezbollah e  um dia depois de elaborar uma nova lista de pessoas e entidades ligadas ao terrorismo. A decisão coloca o Hezbollah automaticamente no registro argentino, designando-o como uma organização terrorista, confirmou uma fonte do governo com conhecimento direto da ação.

Autoridades dos Estados Unidos e da Argentina dizem que o Hezbollah opera na Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, onde uma economia ilícita supostamente financiaria suas operações em outras partes do mundo.

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Amia

Atentado em AMIA
Escombros da Amia, em Buenos Aires: atentado dois anos depois da explosão da embaixada de Israel. (Cambalechero/Commons/Reprodução)

Familiares das vítimas e sobreviventes renovaram nesta quinta-feira seus pedidos de justiça pelo atentado à Associação Mutual Israelita-Argentina, o pior ataque terrorista da história argentina, que até hoje segue impune. Como acontece todos os anos desde 18 de julho de 1994, as sirenes da cidade soaram às 09h53 para recordar o momento da explosão que matou 85 pessoas e deixou cerca de 300 feridos.

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Um carro-bomba explodiu na sede da Amia e da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), localizadas no movimentado bairro comercial Once, na zona central de Buenos Aires. Florentino Sanguinetti, diretor do Hospital das Clínicas, próximo da sede da Amia, lembrou os feridos recebidos no dia do atentado. Para ele, a data “dividiu nossas vidas em duas”. “Nunca voltamos a ser os mesmos”, afirmou, lembrando dos médicos e assistentes que atenderam aquela emergência.

Em meio a um silêncio sepulcral, centenas de pessoas se congregaram em frente à sede judaica reconstruída , carregando fotos das vítimas, cujos nomes foram lidos em voz alta no ato. A maioria dos mortos e feridos trabalhava ou passava pela associação. Alguns caminhavam pela calçada, na frente do prédio, quando deu-se a explosão.

Além do Hezbollah, a Argentina acusa altos ex-funcionários iranianos pelo atentado, entre eles o ex-presidente Ali Rafsanjani. O Irã sempre recusou os pedidos da Justiça argentina de que eles fossem depor no país. Suspeita-se que os iranianos tiveram uma poderosa conexão local, até hoje não identificada.

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Um memorando de entendimento com o Irã, assinado em 2012 pela ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), procurava, segundo seus autores, levar os acusados a serem questionados fora da Argentina, fato que nunca ocorreu. Hoje, a própria Kirchner é investigada pela Justiça por acobertamento e traição à pátria, ao ter assinado o acordo.

O procurador Alberto Nisman, que investigou o atentado e denunciou o pacto com o Irã, foi encontrado morto em sua residência de Buenos Aires, em 2015, na véspera da apresentação de seu relatório à Justiça. Nesta quinta-feira, seu nome foi aplaudido neste ato.

‘Mesma dor’

Sem condenação: vítimas e familiares, reunidos na entidade Memoria e Justiça, ainda não viram nenhum responsável na barra dos tribunais – 18/07/2019 (Agustín Marcarian/Reuters)

A grande ausência na cerimônia em memória às vítimas do atentado foi presidente argentino, Mauricio Macri, que concorre neste ano à reeleição. Membros de seu gabinete, porém, estiveram presentes, e o próprio Macri prometeu fazer ainda nesta quinta-feira um pronunciamento à nação sobre o tema.

“Vinte e cinco anos depois, sentimos a mesma dor que a bomba assassina nos deixou no coração e na alma”, disse o presidente da Amia, Ariel Eichbaum. “Como é possível que 25 anos depois não haja um único responsável preso por este crime?”

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O dirigente da Amia questionou “o ritmo escandalosamente lento da Justiça”. “A cada ano que passa, a Justiça fica mais afastada e abstrata”, pontuou.

Em fevereiro passado, um ex-chefe da Inteligência e um ex-juiz foram condenados a seis e quatro anos de prisão, respectivamente, por interferirem na investigação do ataque. O ex-presidente Carlos Menem foi considerado inocente de acobertamento dos autores do atentado, que teria consistido no pagamento de 400 mil dólares ao suposto fornecedor da  caminhonete-bomba para que acusasse, falsamente, um grupo de policiais pelo crime.

Os familiares das vítimas agrupados na organização Memória Ativa processaram e denunciaram o acobertamento, em um confronto das autoridades com a população.

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Paralelamente ao ato em frente à Amia, o Memória Ativa fez sua própria homenagem e reivindicou justiça em frente aos tribunais.

(Com Reuters e AFP)

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