Após reabertura de fronteiras, cresce o número de cubanos que deixam país
Em outubro, 5.870 migrantes foram detidos por autoridades americanas na fronteira com o México, o número mais alto em dois anos
Há pouco mais de um mês, em 15 de novembro, o governo de Cuba começou a reabrir gradualmente suas fronteiras para turistas, citando os altos índices de vacinação e os baixíssimos de mortes. Do outro lado, no entanto, há um movimento crescente de cubanos que começam uma longa e frequentemente perigosa travessia para o exterior, tentando driblar as duras condições econômicas.
Durante boa parte da pandemia, as fronteiras cubanas estiveram completamente fechadas, tornando viagens internacionais quase impossíveis, e frustrando ainda mais a economia, à medida que o turismo era a segunda maior fonte de receitas oficiais em moeda estrangeira, atrás apenas da venda de serviços profissionais no exterior, e contribuía com cerca de 10% do PIB.
Agora que a ilha se reabre, a população que lida com escassez de alimentos e remédios, um impacto direto das sanções econômicas americanas, busca soluções muitas vezes ilegais para tentar deixar o país.
Em outubro, 5.870 migrantes cubanos foram detidos por autoridades imigratórias americanas na fronteira com o México, o número mais alto em dois anos.
Autoridades cubanas afirmaram que até novembro receberam mais de 1.200 cubanos deportados em 2021, em esforços coordenados bilaterais com EUA, México, Ilhas Cayman e Bahamas.
Viagens internacionais, são só para residência, são especialmente complicadas pelo fato de que muitos países exigem que cubanos obtenham vistos. Para entrada nos EUA, por exemplo, cubanos precisam ter prova de que foram vacinados com uma vacina aprovada pelas autoridades americanas ou alguma que recebeu autorização de uso emergencial pela Organização Mundial da Saúde, o que a maior parte dos moradores da ilha não tem, já que o imunizante predominante foi desenvolvido no próprio país e ainda está em processo de certificação internacional.
Isso faz com que, para irem legalmente aos EUA, cubanos precisem passar por um país terceiro e se vacinarem por lá, encarecendo ainda mais o trajeto.
Por conta disso, há quem tente fazer a travessia à Flórida de barco, muitas vezes botes improvisados. No último sábado, a Patrulha Fronteiriça Cubana disse ter resgatado 23 pessoas e recuperado os corpos de outras duas que tentaram deixar a ilha em um barco lotado, em direção ao estado americano da Flórida.
Do lado de fora de escritórios de companhias aéreas em Havana é possível encontrar os chamados “facilitadores”, pessoas que oferecem ajuda para furar as filas em troca de uma “porcentagem” do preço da passagem. Em entrevista à CNN, um desses facilitadores afirmou que “a maior parte não está voltando”. “Alguns vão para o Nicarágua comprar coisas, mas a maioria está imigrando”, acrescentou.