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Após pedir união, Trump volta a culpar imprensa por clima de agressividade

Emissora CNN, proeminentes políticos do Partido Democrata, bilionário George Soros e ator Robert De Niro foram vítimas de tentativas de ataque

Por Da Redação
Atualizado em 25 out 2018, 11h17 - Publicado em 25 out 2018, 09h22

Depois de pedir união em discurso na tarde de quarta-feira na Casa Branca, o presidente Donald Trump voltou a adotar seu típico tom agressivo para atacar a imprensa e culpar seus “relatos propositadamente falsos e imprecisos” pelo clima de raiva que se espalha atualmente pelos Estados Unidos.

Em um tuíte publicado na manhã desta quinta, Trump parece se referir mais uma vez às tentativas de ataques contra proeminentes políticos do Partido Democrata, a emissora CNN e o bilionário George Soros.

“Uma parte muito grande da raiva que vemos hoje em nossa sociedade é causada pelos relatos propositadamente falsos e imprecisos da mídia tradicional a que me refiro como Fake News. Ficou tão ruim e odioso que está além de qualquer descrição. A mídia tradicional deve limpar seu atos, rápido!”, escreveu.

As reações iniciais de Trump à primeira ameaça de atentado terrorista em solo americano desde 2001 foram marcadas pela apatia. Primeiro, ele limitou-se a repetir, no Twitter, a mesma mensagem postada por seu vice-presidente, Mike Pence. Depois, como não poderia deixar de comentar a questão, deu uma brevíssima declaração em um evento comandado pela primeira-dama, Melania.

No seu discurso na Casa Branca, Trump limitou-se a pedir a união no país, dizer que as agências e órgãos federais estavam investigando o caso e sublinhar que a segurança nacional é sua prioridade. Não gastou mais do que dois minutos e tampouco estendeu o roteiro básico de um chefe de Estado para ocasiões como a de hoje. Por fim, evitou uma declaração de solidariedade às potenciais vítimas.

Algumas horas depois, contudo, voltou a adotar o tom agressivo pelo qual já é conhecido. Em um comício para as eleições legislativas de meio de mandato em Wisconsin, o presidente tentou reverter o noticiário do dia, e atacou mais uma vez a imprensa.

Ele pediu aos jornalistas que “estabeleçam um tom civilizado” e “parem com a interminável hostilidade e com os constantes ataques e histórias negativas, muitas vezes falsas”.

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Em seguida, tentou novamente adotar o tom conciliador de antes, mas não deixou de lado o cinismo. “A propósito, vocês veem como estou me comportando de fome legal hoje à noite?”, perguntou. “Vocês já viram isso? Estamos todos nos comportando muito bem!”, completou.

Críticas a Trump

As insistentes e enfáticas tentativas de Trump de desmoralizar a imprensa americana e seus opositores foram vistas por muitos críticos de seu governo como incentivo para os atos de violência registrados nos últimos dias.

Jeff Zucker, presidente mundial da rede de televisão americana CNN, responsabilizou o presidente pela tentativa de ataque ao órgão de imprensa. Por meio de comunicado, Zucker criticou a “falta total e completa de compreensão da Casa Branca sobre a gravidade de seus continuados ataques contra a imprensa”.

“O presidente, e especialmente a secretária de imprensa da Casa Branca, deveriam entender que suas palavras têm importância. Até agora, eles não demonstraram compreensão disso”, afirmou, referindo-se a recorrentes declarações contra a imprensa feitas também por Sarah Huckabee Sanders.

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A CNN recebeu na quarta um pacote com um explosivo caseiro e pó branco, que obrigou a polícia a esvaziar a sede da emissora em Nova York. O pacote estava endereçado ao ex-diretor da CIA, John Brennan, que foi comentarista da emissora.

O ex-presidente e Hillary Clinton, senadora e secretária de Estado em sua gestão, receberiam pacotes com explosivos também, mas as entregas foram interceptadas pelo Serviço Secreto. O financista George Soros recebeu um deles, assim como o gabinete da deputada democrata Debbie Schultz, da Flórida — neste caso, endereçado a Eric Holder, secretário de Justiça do governo de Barack Obama.

Outros dois pacotes foram encontrados na tarde de quarta, encaminhados para deputada democrata Maxine Waters, da Califórnia. Na manhã desta quinta, o ator e produtor Robert De Niro também recebeu um envelope suspeito na sede de sua produtora.

Os ataques de Trump à imprensa e a seus opositores democratas são frequentes desde os tempos em que concorria nas eleições de 2016 contra a democrata Hillary Clinton, que tem sido insistentemente insultada pelo presidente — ele a acusa, entre outras coisas, de ser “desonesta” e ter “lágrimas de crocodilo”.

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A imprensa tem sido igualmente tratada por ele como “desonesta”. Entre críticas aos jornalistas e meios de comunicação “falidos”, “fracassados”, “baixos”, “mentirosos”, disparadas sempre e quando alguma denúncia ou notícia lhe é desfavorável. Trump coleciona também episódios em que instiga seus eleitores a atacar a mídia.

“São tempos problemáticos, não são?”, resumiu Hillary Clinton em um evento de campanha. “E não é hora de tempo de aprofundar as divisões e temos de fazer tudo o que pudermos para manter nosso país unido”, completou, com o cuidado de não entrar em detalhes nem de apontar responsáveis.

O ex-diretor da CIA John Brennan também defendeu que a retórica do presidente alimenta sentimentos que podem se transformar em violência. “A retórica (de Trump) muitas vezes eu acho que alimenta essas emoções e sentimentos que agora se estão transformando em possíveis atos de violência”, disse Brennan, durante ato na Universidade do Texas, em Austin.

Destinatário de um dos artefatos explosivos interceptados na quarta-feira, ele também disse que “pode-se pensar que (Trump) incentivou pessoas a resolverem os problemas com as próprias mãos”.

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Em um artigo no jornal The New York Times na quarta, o filho de George Soros, Alexander Soros, escreveu que, embora o indivíduo que enviou os pacotes seja o responsável pelo ato, Trump estabeleceu um novo patamar de “demonização política” contra seus adversários.

A porta-voz do governo, Sarah Sanders, saiu em defesa de Trump. Em uma entrevista com muitos jornalistas no jardim da Casa Branca nesta quinta, ela afirmou que o presidente “condena a violência de todas as formas, desde o primeiro dia, e continuará a fazer isso”. Segundo ela, contudo, “todos têm um papel a desempenhar” no atual cenário de violência.

Quando perguntada por um repórter da CNN sobre os constantes ataques do republicano a seus oponentes, Sanders atacou a emissora. “Vocês (jornalistas) continuam a focar somente nas coisas negativas”, disse.

“Ontem, a primeira coisa que o presidente fez foi condenar a violência. A primeira coisa que sua emissora fez foi acusar o presidente de ser responsável por isso. Isso não está certo”, afirmou.

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