Após mais de 500 dias detidos, jornalistas são libertados em Mianmar
Repórteres da Reuters foram acusados de acessar documentos secretos durante investigação sobre crise étnica
Mianmar libertou nesta terça-feira os dois jornalistas da agência Reuters que estavam detidos por sua investigação sobre a crise dos rohingyas – minoria muçulmana vítima de violência no país -, após uma anistia presidencial, segundo um vídeo publicado pela própria agência de notícias.
Wa Lone, 33 anos, e Kyaw Soe Oo, 29, foram cercados por jornalistas ao sair da prisão em Rangun, onde passaram mais de 500 dias detidos.
Wa Lone agradeceu as pessoas “de todo o mundo” que defenderam sua libertação e prometeu voltar ao trabalho: “Estou impaciente por chegar à redação. Sou jornalista e vou continuar”.
“Estamos extremamente contentes de que Mianmar tenha libertado nossos valentes repórteres”, declarou a Reuters.
“Desde sua detenção, há 511 dias, se tornaram símbolos da importância da liberdade de imprensa em todo o mundo. Celebramos seu retorno”.
Os dois eram acusados de acessar documentos secretos relativos às operações das forças birmanesas de segurança no estado de Rakhain, no noroeste de Mianmar, palco de abusos contra a minoria muçulmana rohingya.
No momento de sua prisão, em dezembro de 2017, investigavam um massacre de rohingyas em Inn Din, uma localidade do norte do estado de Rakhain.
Desde então, o Exército reconheceu que ocorreram excessos e sete militares foram condenados à prisão.
Um dos policiais que depôs sobre o caso disse que a entrega dos documentos secretos foi uma “armadilha” para impedir que os jornalistas prosseguissem com seu trabalho.