Após diplomatas, ministro da Justiça líbio também renuncia
Eles protestam contra a violenta repressão da revolta ordenada por Kadafi
Um ministro e pelo menos três diplomatas líbios anunciaram a sua demissão nas últimas horas, em protesto contra a repressão violenta das manifestações contra o governo na Líbia ordenada pelo ditador Muamar Kadafi. Nesta segunda-feira, a sede central do governo líbio e o prédio que abriga o Ministério da Justiça em Trípoli foram incendiados pelos manifestantes que reivindicam a queda do regime.
O ministro de Justiça da Líbia, Mustafa Abdel-Jalil, renunciou por se opor ao “uso excessivo da força contra manifestantes desarmados”, segundo o jornal local Qureyna. A Federação Internacional pelos Direitos Humanos afirmou que várias cidades do país, incluindo Benghazi e Sirte, estão sob controle dos manifestantes contrários ao governo.
O embaixador líbio na Índia, Ali Al-Issawi, disse à rede britânica BBC que decidiu deixar o cargo em resposta à violência do governo e revelou que mercenários estrangeiros foram mobilizados para atuar contra cidadãos líbios. O embaixador da Líbia junto à Liga Árabe, Abdel Moneim al-Honi, disse a jornalistas, no Cairo, que está se unindo à revolução. O embaixador líbio na China também renunciou.
O regime comandado por Muamar Kadafi lançou uma dura campanha de repressão contra os protestos no país. Segundo dados de organizações médicas e de direitos humanos, mais de duzentas pessoas morreram desde o início, na semana passada, das manifestações que pedem que Kadafi renuncie após mais de 40 anos no poder.
Incêndio – Segundo a rede de televisão Al Jazeera, as sedes do governo líbio e do Ministério da Justiça em Trípoli foram incendiadas. As forças oficiais teriam praticamente se retirado da cidade e várias delegacias e outros prédios públicos também teriam sido saqueados.
“Praticamente não há forças da ordem. Não se sabe aonde foram. Esta situação favorece os rumores alarmantes”, afirmou o jornalista Nezar Ahmed, que mencionou como um deles a possível fuga de Kadafi do país e as divergências entre altos dirigentes do Exército e de outros órgãos de segurança. Segundo Ahmed, há apenas um cordão policial em torno da sede da rede de televisão estatal Libya TV.
Confrontos – Na noite de domingo, houve manifestações – com direito a queima de fotos do ditador líbio – no centro de Trípoli, pouco depois do discurso de seu filho Saif Al-Islam. Os habitantes da capital começaram a formar comitês em cada bairro para proteger bens públicos e privados. Graças a eles foi possível salvar o principal museu da cidade de uma tentativa de incêndio.
Por outro lado, fontes de hospitais relataram à Al Jazeera que pelo menos 61 pessoas morreram em Trípoli nos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes. O canal também informou, citando testemunhas locais, que alguns membros das forças de segurança saquearam vários bancos e empresas estatais durante a manhã.
(Com agência EFE)