Após cassar deputada, Venezuela condena prefeito opositor
No dia em que é confirmada a perda de mandato de María Corina Machado, prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, recebe pena de 1 ano de prisão
Por Da Redação
26 mar 2014, 02h54
O prefeito Daniel Ceballos: oposição a Maduro é punida com perda de mandato (Reprodução/VTV/VEJA)
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O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) condenou nesta terça-feira o prefeito de San Cristóbal, o opositor Daniel Ceballos, a um ano de prisão e à perda de seu mandato por não acatar uma sentença que o obrigava a impedir a colocação de barricadas nos protestos contra o governo na cidade. O TSJ, que não possui independência e é controlado pelo Executivo, informou em seu site que Ceballos – que já se encontrava detido – foi sentenciado a 12 meses de prisão por “desacato” à uma medida cautelar ditada em 12 de março.
A sentença obrigava o prefeito a proceder com a imediata retirada dos obstáculos que tivessem sido colocados nas vias do município, um dos locais no país onde os protestos contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tiveram maior intensidade. “Em consequência, perde o mandato como prefeito do município de San Cristóbal no estado de Táchira”, detalhou a juíza Gladys Gutiérrez, presidente do TSJ, ao fazer a leitura da sentença.
Após a divulgação da decisão judicial, Maduro manifestou seu apoiou ao TSJ durante seu programa de rádio. “Conte com todo o apoio o tribunal, todo o apoio do povo, o fascismo se combate com justiça e a aplicação rígida das leis”, disse.
Ceballos foi detido no dia 12 de março por agentes de inteligência, no mesmo dia no qual o prefeito de San Diego, no estado de Valência, o opositor Vicencio Scarano, foi condenado a 10 meses e 15 dias por acusações similares. As prisões desses dois prefeitos se somam à detenção em fevereiro do dirigente opositor Leopoldo López, acusado de incitar a violência com suas convocações de protesto contra o governo de Maduro.
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Deputada – Também nesta terça-feira, a Assembleia Nacional da Venezuela ratificou a perda do mandato da deputada opositora María Corina Machado por supostamente descumprir a Constituição ao ter aceitado a posição de representante alternativa do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA) para discursar sobre a repressão no país.
“Ela aceitou um cargo que é incompatível com o que diz esta Constituição, total e absolutamente incompatível, de modo que, de verdade, esta senhora pode fazer o que quiser daqui em adiante, mas não o fará nesta Assembleia’, atacou o presidente do Parlamento, o chavista Diosdado Cabello, que anunciou a cassação da deputada na segunda-feira.
“Retirada da relação da Assembleia, todas as credenciais que fazia uso ficam definitivamente eliminadas. Vamos notificar os organismos do Estado para que fique claro que (María Corina) não tem nenhuma prerrogativa como deputada”, acrescenteu Cabello.
A bancada opositora solicitou debater os artigos supostamente violados por María Corina, proposta rejeitada pela maioria governamental e que provocou o abandono do plenário pelos opositores que decidiram introduzir no Tribunal Supremo de Justiça um recurso de amparo dos direitos dos cidadãos e de ressarcimento das garantias constitucionais pela atuação contra María Corina.
O deputado opositor Miguel Ángel Rodríguez qualificou a decisão de deixar María Corina sem cadeira de deputada foi decidida “violando gravemente a Constituição”. O documento apresentado à Justiça é um “recurso de ação coletiva” que pretende que a Corte se aboque no ressarcimento imediato do “direito à legitima defesa, ao devido processo, à presunção de inocência e à não discriminação por motivos políticos” da deputada, detalhou Rodríguez.
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María Corina participou na sexta-feira passada de uma sessão da OEA em Washington na qual o Panamá lhe cedeu um espaço onde ela tentou, sem sucesso, apresentar uma série de denúncias sobre a situação dos protestos que sacodem a Venezuela há mais de um mês – o governo venezuelano manobrou para abafar o discurso, com a ajuda do Brasil.
A Venezuela vive uma onda de manifestações contra o governo de Maduro desde o dia 12 de fevereiro. Muitos protestos desembocaram em incidentes violentos que já deixaram ao menos 34 mortos, centenas de feridos e mais de 1.500 detidos.
1/61 Membro da Polícia Nacional Bolivariana carrega uma bandeira da Venezuela durante manifestação pelo aniversário da prisão do líder da oposição Leopoldo López em Caracas - 18/02/2015 (Miguel Gutiérrez/EFE)
2/61 Membros da Polícia Nacional Bolivariana retiram barricadas durante manifestação pelo aniversário da prisão do líder da oposição Leopoldo López em Caracas - 18/02/2015 (Miguel Gutiérrez/EFE)
3/61 Lilian Tintori (c), esposa do líder da oposição, Leopoldo López, participa das manifestações pelo aniversário de um ano de prisão de seu marido, em Caracas - 18/02/2015 (Manaure Quintero/EFE)
4/61 Estudante é detido pela Guarda Nacional Venezuelana durante protesto anti-governo em Caracas (Juan Barreto/AFP/VEJA)
5/61 Manifestantes anti-governo protestam após a destruição de um acampamento por autoridades venezuelanas em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
6/61 Polícia entra em confronto com estudantes durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro, depois que autoridades venezuelanas destruíram um acampamento de manifestantes em Caracas (Juan Barreto/AFP/VEJA)
7/61 O acampamento de manifestantes anti-governo foi desmantelado pela Guarda Nacional Venezuelana em frente à sede da ONU, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
8/61 Polícia entra em confronto com estudantes durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro, depois que autoridades venezuelanas destruíram um acampamento de manifestantes em Caracas (Juan Barreto/AFP/VEJA)
9/61 O acampamento de manifestantes anti-governo foi desmantelado pela Guarda Nacional Venezuelana em frente à sede da ONU, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
10/61 Membros da Guarda Nacional Venezuelana reagem após serem atingidos por um coquetel molotov jogado por estudantes durante confrontos na Universidade Metropolitana de Caracas (Christian Veron/Reuters/VEJA)
11/61 Membros da Guarda Nacional desmantelam acampamento de estudantes em frente à sede da ONU, em Caracas (Carlos Becerra/AFP/VEJA)
12/61 Manifestante queima foto do ex-presidente Hugo Chávez em Caracas (Reuters/VEJA)
13/61 Estudante venezuelano usa escudo da polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014) (Leo Ramirez/AFP/VEJA)
14/61 Estudantes venezuelanos entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014) (Leo Ramirez/AFP/VEJA)
15/61 Estudantes venezuelanos entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014) (Juan Barreto/AFP/VEJA)
16/61 Estudantes venezuelanos caminham em meio a bombas de gás lacrimogêneo disparadas pela polícia durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014) (Leo Ramirez/AFP/VEJA)
17/61 Estudantes venezuelanos entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014) (Leo Ramirez/AFP/VEJA)
18/61 Manifestantes da oposição entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (05/03/2014) (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
19/61 Manifestante da oposição segura um boneco do presidente Nicolás Maduro durante protesto em Caracas - (05/03/2014) (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
20/61 Manifestantes da oposição entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (05/03/2014) (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
21/61 Mulher carrega um retrato de Hugo Chávez durante parada militar em homenagem ao aniversário de morte do ex-presidente venezuelano (Jorge Silva/Reuters/VEJA)
22/61 Uma militar e uma moradora do bairro de 23 de Enero, em Caracas fazem orações no aniversário de morte de Hugo Chávez (Tomas Bravo/Reuters/VEJA)
23/61 Homem enfrenta a Guarda Nacional Bolivariana durante protesto na Venezuela, nesta quinta-feira (27) (Miguel Gutiérrez/EFE/VEJA)
24/61 Manifestantes participam de um protesto contra o governo de Nicolás Maduro nesta quinta-feira (27), em Caracas, na Venezuela (Juan Barreto/AFP/VEJA)
25/61 Manifestantes entram em confronto contra membros da guarda nacional durante um protesto contra o governo de Nicolás Maduro nesta quinta-feira (27), em Caracas, na Venezuela (Tomas Bravo/Reuters/VEJA)
26/61 Manifestante segura um cartaz em frente a policiais da guarda nacional em frente a embaixada de Cuba em Caracas, na Venezuela - 25/02/2014 (Jorge Silva/Reuters/VEJA)
27/61 Manifestante bate em panela durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro, na Venzuela - 25/02/2014 (Luis Robayo/AFP/VEJA)
28/61 Manifestante em frente aos policiais da guarda nacional, durante protesto em San Cristóbal, na Venezuela - 21/02/2014 (Orlando Parada/AFP/VEJA)
29/61 Cartaz do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com a palavra Ditador é visto em um muro de Caracas, na Venezuela (Tomas Bravo/Reuters/VEJA)
30/61 Manifestantes contra o governo venezuelano na Praça Altamira, em Caracas (Reuters/VEJA)
31/61 Placa com a frase: "Irmão, não atire. Você também é uma vítima deste governo" durante protestos em Caracas (Reuters/VEJA)
32/61 Partidários do líder da oposição, Leopoldo Lopez, durante um comício para promover a paz em Caracas (Reuters/VEJA)
33/61 Milhares de manifestantes participam de um protesto convocado pelo líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez, em Caracas - (18/02/2014) (Miguel Gutierrez/EFE/VEJA)
34/61 Leopoldo Lopez, um dos líder da oposição ao governo de Nicolás Maduro, é escoltado pela Guarda Nacional depois de se entregar, durante uma manifestação em Caracas (Juan Barreto/AFP/VEJA)
35/61 Milhares de manifestantes participam de um protesto convocado pelo líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez, em Caracas - (18/02/2014) (Santi Donaire/EFE/VEJA)
36/61 Manifestante da oposição se coloca em frente a uma barreira policial durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
37/61 Manifestante de oposição segura uma bandeira da Venezuela, durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
38/61 Estudantes saíram ás ruas durante protesto anti-governo em Caracas - (17/02/2014) (Santi Donaire/EFE/VEJA)
39/61 Estudantes sentam na rua sobre a frase A censura é ditadura, durante um protesto anti-governo em Caracas - (17/02/2014) (Juan Barreto/AFP/VEJA)
40/61 Manifestante com a bandeira da Venezuela em frente a um bloqueio de policiais durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (17/02/2014) (Santi Donaire/EFE/VEJA)
41/61 Manifestantes da oposição seguram cartazes em frente a um bloqueio de policiais durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (17/02/2014) (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
42/61 Manifestantes da oposição durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (17/02/2014) (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
43/61 Manifestantes da oposição durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (16/02/2014) (Miguel Gutiérrez/EFE/VEJA)
44/61 Manifestantes protestam contra o governo do presidente Nicolás Maduro neste domingo (16) em Caracas, Venezuela (Christian Veron/Reuters/VEJA)
45/61 Manifestante com uma bandeira venezuelana durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, passa em frente a um grupo de policiais em Caracas (Jorge Silva/Reuters/VEJA)
46/61 Estudante Bassil DaCosta ferido a tiros durante um protesto da oposição contra o governo do presidente, Nicolas Maduro, em Caracas, na Venezuela (Manaure Quintero/AFP/VEJA)
47/61 Estudante ferido com um tiro na cabeça é levado por outros manifestantes para o interior de um veículo da polícia em Caracas, Venezuela (Alejandro Cegarra/AP/VEJA)
48/61 Manifestantes enfrentam a polícia durante protestos da oposição contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas (Juan Barreto/AFP/VEJA)
49/61 Manifestante fica deitado no chão, enquanto membros da Guarda Nacional se preparam para atirar durante um protesto da oposição contra o governo do presidente, Nicolás Maduro, em Caracas (Leo Ramirez/AFP/VEJA)
50/61 Manifestante usa um estilingue para atigir a polícia durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA)
51/61 Manifestação contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas (Reuters/VEJA)
52/61 Manifestante pula por cima de cordão de policiais em Caracas durante protesto contra o governo Maduro (Reuters/VEJA)
53/61 Manifestação contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas (Reuters/VEJA)
54/61 Policiais prendem manifestante em Caracas (Reuters/VEJA)
55/61 Homem é socorrido em manifestação contra o governo da Venezuela (AFP/VEJA)
56/61 Manifestante joga pedra durante protesto contra o governo da Venezuela (AFP/VEJA)
57/61 Manifestação contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas (Reuters/VEJA)
58/61 Homem é ferido durante em protesto contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas (AFP/VEJA)
59/61 Manifestante é preso por policiais à paisana em Caracas (Reuters/VEJA)
60/61 Viatura da Polícia Cientifica são queimadas durante protesto em Caracas
(AFP/VEJA)
61/61 O opositor Leopoldo López é colocado dentro de veículo da Guarda Nacional depois de se entregar à polícia em Caracas, na Venezuela (Jorge Silva/Reuters/VEJA)
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