Após campanha agressiva, Obama recebe Romney
Reunião entre rivais tenta mostrar alguma harmonia política num país dividido
O candidato derrotado à presidência dos Estados Unidos, o republicano Mitt Romney, passou mais de uma hora na Casa Branca, nesta quinta-feira, em um almoço com o presidente Barack Obama – uma tentativa de demonstrar alguma harmonia política num país dividido. O encontro – o primeiro desde 22 de outubro, dia do último debate antes das eleições de 6 de novembro – foi realizado a portas fechadas no salão privado de Obama, perto do Salão Oval, conforme havia anunciado na quarta-feira o porta-voz da Casa Branca Jay Carney.
Mais cedo, Carney disse a jornalistas que Obama queria ouvir algumas ideias de Romney e partilhar experiências da campanha. Em seu discurso após a vitória eleitoral, em 6 de novembro, o presidente já havia dito que pretendia conversar com o adversário. “Sem oferecer nada de específico, foi uma conversa que o presidente queria ter com o (ex-)governador Romney, conforme ele mencionou na noite da eleição”, disse Carney. Ele acrescentou que não há nenhuma oferta de cargo ou tarefa sendo preparada para Romney.
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Não ficou imediatamente claro se os dois discutiram a questão prioritária para o presidente e o Congresso: o chamado “abismo fiscal” – conjunção de elevação tributária e corte de gastos públicos que entrará em vigor no fim do ano se não houver acordo entre republicanos e democratas. Romney defendeu fortemente durante a campanha os cortes de gastos, argumentando que seria preciso justificar bem qualquer programa que compense o custo de contrair empréstimos da China. Já Obama enfatizou mais a intenção de elevar os impostos para os ricos.
Obama havia manifestado sua vontade de se reunir com Romney pouco depois de sua reeleição. “Há aspectos da trajetória de Romney como governador que poderão ser muito úteis”, declarou o presidente no dia 14 de novembro. “Romney fez um trabalho excepcional”, acrescentou. Mas o republicano se mostrou menos conciliador após sua derrota. Durante uma entrevista coletiva à imprensa, acusou Obama de ter vencido graças ao que chamou de “presentes” oferecidos pelo democrata a certas parcelas do eleitorado, principalmente negros, latinos e jovens – eleitorado que pesou a favor de Obama na disputa.
(Com agências France-Presse e Reuters)