Nações Unidas, 19 abr (EFE).- O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta quinta-feira o envio de uma missão de 300 observadores militares desarmados à Síria com total liberdade de movimento, apesar da persistência da violência no país e do não cumprimento do cessar-fogo.
‘Apesar do acordo feito com o governo sírio para acabar com a violência, ainda vemos provas profundamente perturbadoras de que ela continua’, disse Ban após se reunir com o Conselho de Segurança, onde apresentou um plano para possibilitar a implementação da Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS).
O principal responsável da ONU assegurou que apesar do regime de Bashar al Assad ter se comprometido a aplicar o plano de paz do enviado especial Kofi Annan, nos últimos dias ocorreu um aumento da violência no país, com bombardeios nas zonas civis, abusos das forças governamentais e ataques de grupos armados.
Com o objetivo de ‘ajudar a melhorar a situação no local’, Ban propôs aos quinze membros do Conselho que autorizem ‘com rapidez’ o envio de uma missão de 300 observadores desarmados, apoiados por um grupo de civis, durante um período inicial de três meses e que dê continuidade à missão que já está trabalhando no país.
‘Não é uma missão que não envolva riscos, mas acho que ela pode contribuir para promover a paz e incentivar um acordo político que reflita a vontade do povo sírio’, explicou Ban.
O secretário-geral ressaltou que a missão ajudaria a ‘melhorar a situação no país, interromper a violência e preparar o local para a aplicação do plano de paz’ de Annan.
Ban pediu o apoio das autoridades sírias para a missão da ONU e autorização do Conselho de Segurança para sua aplicação. Além disso, solicitou que Damasco garanta a ‘liberdade de movimento’ de seus integrantes.
‘Para que a missão tenha êxito, solicitamos a completa colaboração do governo sírio, particularmente na hora de garantir sua liberdade de movimento e acesso, segurança e proteção de seus membros, assim como o uso de helicópteros e outras formas de transporte’, explicou o diplomata sul-coreano.
Ban frisou ‘a responsabilidade do governo da Síria’ para que a missão funcione. Após a equipe de Annan e o regime de Damasco formalizarem o acordo para o envio de mais observadores ao país, o diplomata se reuniu com o embaixador sírio na ONU, Bashar Jafari, para conseguir compromissos da Síria para o funcionamento da missão.
‘Jafari me assegurou que o governo dará seu total apoio, incluído a mobilidade aérea’, disse Ban. Para garantir a rapidez de movimento das ações, foi estipulado que a missão contará com helicópteros e outros meios de transporte aéreos.
Apesar da formalização do acordo, o governo de Bashar al Assad tem ‘preocupações’ sobre a nacionalidade dos observadores, disse Ban. Apesar disso, o secretário-geral garantiu que as autoridades sírias não impuseram ‘condições prévias sobre a nacionalidade e a liberdade de movimento’ da missão.
Ban afirmou no Conselho de Segurança que a missão de observadores que está na Síria teve problemas para se movimentar nos três primeiros dias de tralho, pois a entrada em Homs, uma das cidades mais castigadas pelo conflito, foi proibida.
Para que a UNSMIS se torne realidade, o principal órgão internacional de segurança deve aprovar uma resolução sobre a missão, o que deverá ocorrer na semana que vem, explicaram fontes diplomáticas. No entanto, alguns membros demonstraram preocupação com o envio de mais observadores para a Síria.
‘O Conselho expressou seu desejo de autorizar rapidamente uma missão de observadores, mas também determinamos as condições necessárias. O governo sírio deve decidir agora se quer interromper o ciclo de violência e permitir a entrada de observadores que operem livremente’, disse a presidente rotativa do Conselho de Segurança, a embaixadora americana na Onu, Susan Rice.
A diplomata explicou à imprensa que ‘o Conselho poderia autorizar amanhã mesmo’ a missão, mas alertou que ‘se ela não puder se movimentar livremente nem entrar nos principais pontos do país’ a ação não será efetiva.
Enquanto isso, a Síria viveu mais um dia de violência nesta quinta-feira. A oposição denunciou que as forças governamentais atacaram a localidade de Harak após observadores da ONU visitarem a região, e afirmaram também que as tropas do regime realizaram disparos e bombardearam a província de Homs. EFE