O papa Francisco, no alto de seus 87 anos, deu à largada nesta segunda-feira, 2, à mais longa viagem de seu pontificado. Ele partiu de Roma para a Indonésia, onde iniciará a turnê de 12 dias que inclui também Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura.
A jornada que o levará a percorrer 32 mil quilômetros pela Ásia e Oceania não só e a mais comprida, mas a mais distante desde a sua eleição, em 2013. Pela natureza exigente da viagem, o jesuíta argentino, que tem tido problemas de saúde recorrentes nos últimos anos, terá um desafio físico de grande magnitude.
Primeira parada
Francisco será o terceiro papa, depois de Paulo VI, em 1970, e João Paulo II, em 1989, a visitar a Indonésia, um arquipélago de 17.500 ilhas onde vivem quase oito milhões de católicos (menos de 3% da população) ao lado de 242 milhões muçulmanos (87%). Para fazer a segurança da recepção, autoridades adicionaram mais 4 mil policiais às forças.
Em Jacarta, megalópole poluída e ameaçada por inundações, o papa deve renovar alertas contra as mudanças climáticas provocadas pela ação humana. Ele também se encontrará com o presidente indonésio, Joko Widodo, que deixará o cargo em 20 de outubro, presidirá uma missa em um estádio com capacidade para 80 mil pessoas e fará vários discursos. Mas a visita gira em torno, sobretudo, do diálogo entre o islamismo e o cristianismo.
Está marcado para esta quinta-feira, 5, um encontro inter-religioso na mesquita Istiqlal, a maior do Sudeste Asiático, na presença de representantes do Islã, do protestantismo, do catolicismo, do budismo, do hinduísmo e do confucionismo. Lá, o papa assinará uma declaração conjunta com o Grande Imã da Indonésia, Nasaruddin Umar, um documento que aborda a “desumanização” ligada aos conflitos e à violência contra crianças e mulheres, bem como a questão ambiental.
O gesto é “muito importante para o avanço das relações interreligiosas” no país e no exterior, afirmou nesta segunda-feira o jornal indonésio Jakarta Post. Na Indonésia, há crescente discriminação contra minorias religiosas, especialmente cristãos em algumas regiões.
A Mesquita Istiqlal, no centro de Jacarta, fica ao lado da Catedral de Santa Maria da Assunção. Em 2020, autoridades locais mandaram construir um “túnel da amizade” para ligar os dois edifícios, como símbolo da fraternidade religiosa. Quatro anos mais tarde, o centro da cidade expõe um enorme cartaz com a mensagem “Bem-vindo, Papa Francisco”, ao passo que o governo criou selos de carta especiais em homenagem ao pontífice.
Saúde em foco
Esta é a 45ª viagem do papa argentino ao exterior. Inicialmente, a turnê pela Ásia e Oceania estava planejada para 2020, mas teve de ser adiada devido à pandemia.
O líder do rebanho de 1,3 bilhões de católicos do mundo, que completará 88 anos em dezembro, foi submetido a uma grande operação no abdômen em 2023, por conta de uma hérnia, e sofreu várias infecções respiratórias, resultado, em parte, de uma cirurgia para remover parte do pulmão na juventude. Hoje, ele só consegue se locomover em cadeira de rodas ou com ajuda de um bengala.
Apesar do esforço físico que a jornada implicará, com 16 discursos programados, sete voos e até oito horas de jet lag, o Vaticano disse que não haverá mudanças na equipe médica do pontífice, composta por um médico e duas enfermeiras.