México, 18 mar (EFE).- O acordo comercial alcançado na quinta-feira entre o México e o Brasil é uma solução temporária que favorece em grande parte o México, embora o Governo brasileiro deva abrir sua economia à concorrência internacional, disse à Agência Efe o analista Luis de la Calle.
O ex-subsecretário de negociações comerciais do Ministério da Economia do México explicou que embora tenham sido acordadas cotas à exportação de automóveis ao Brasil, o México preservou sua entrada preferencial, ou seja, sem nenhum imposto, ao mercado brasileiro.
Calle, diretor de uma empresa de consultoria e do Conselho Mexicano de Assuntos Internacionais, acredita que o consumidor brasileiro será afetado, por ter que pagar mais por seus automóveis e desfrutar de menos opções para sua escolha.
‘Com este acordo o México se mantém como o único país grande produtor de automóveis que não paga impostos para ingressar no mercado brasileiro, ao contrário dos americanos, europeus e asiáticos’, disse.
Para ele, a indústria brasileira não é competitiva porque foi muito protegida, enquanto a mexicana é altamente competitiva após muitos anos de abertura.
Após diversos encontros, na quinta-feira delegações de alto nível do México e do Brasil acordaram limitar a troca comercial de automóveis mediante cotas às exportações durante os próximos três anos, e no final restabelecer o livre fluxo comercial.
O conflito entre Brasil e México gerou uma situação difícil, que nas palavras do ministro mexicano de Economia, Bruno Ferrari, ‘semeou muita incerteza, principalmente no setor industrial e nos investimentos que serão feitos.
No final, os negociadores classificaram o resultado como positivo. ‘O mais importante que se alcançou foi não romper um acordo comercial que teria envolvido um conflito internacional muito sério entre os dois países do ponto de vista comercial e provavelmente político’, disse Ferrari.
As autoridades brasileiras destacaram também a atitude flexível do México em buscar soluções favoráveis às duas partes, e destacaram a cooperação dos países em fóruns internacionais, entre eles o G20, cuja Presidência rotativa está agora nas mãos do México. EFE