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Americanos se armam em ritmo recorde e Brasil segue tendência

Cerca de 3 milhões de armas foram vendidas nos EUA, impulsionadas pelo medo da Covid-19 e de protestos; Brasil aumentou importação da Glock em 377%

Por Da Redação
Atualizado em 31 jul 2020, 16h55 - Publicado em 31 jul 2020, 16h50

Nos Estados Unidos, o medo da pandemia de coronavírus e a preocupação com a instabilidade social e política após uma explosão de protestos anti-racismo elevou as compras de armas de fogo a um ritmo recorde. Analistas do setor estimam que cerca de 3 milhões de armas foram vendidas desde março, sobrecarregando as cadeias de suprimentos dos fabricantes.

Ao contrário de picos anteriores, quando americanos estavam preocupados com restrições à Segunda Emenda – elevando em 69% as verificações de antecedentes de compra de armas –, o aumento deste ano se relaciona mais à segurança pessoal.

Nos 12 dias seguintes à declaração do presidente Donald Trump de uma emergência nacional referente ao surto de coronavírus, as vendas de armas de fogo saltaram para mais de 120.000 por dia, chegando a 176.000 no dia 16 de março. O total do mês chegou a mais de 700.000.

Agora, as vendas voltaram a aumentar em junho, segundo o Giffords, um grupo de prevenção à violência armada, o que indica que não foi apenas uma explosão inicial. Segundo o jornal britânico The Guardian, o medo do vírus mortal foi agravado por preocupações com a economia e a amplificação do debate sobre violência policial.

Depois que George Floyd, um homem negro, foi morto sob a custódia de um policial branco de Mineápolis, protestos generalizados do movimento Black Lives Matter agitaram as ruas, além de fomentar a discussão sobre possíveis cortes no financiamento da polícia – o que, para alguns americanos, aumentaria a criminalidade.

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Atiradores “virgens”

Outro aspecto diferenciado deste pico, segundo grupos de direitos pró e anti-armas, é o perfil dos compradores. Diversificando-se do esteriótipo do homem branco, mais velho e conservador, também mulheres, negros e pessoas que moram em áreas urbanas buscam armar-se.

De acordo com um relatório da empresa de pesquisa de mercado Southwick Associates, mais de 24 milhões de americanos pensam que provavelmente comprarão sua primeira arma de fogo nos próximos cinco anos.

O relatório conta com fontes como a Associação Nacional de Armas Afro-Americana, que atraiu 15.000 novos membros em 2020, e Maj Toure, fundador do Black Guns Matter, um grupo que apoia a posse de armas por negros, que já afirmou que “mais negros estariam vivos se estivessem armados.”

Cerca de 40% das compras feitas durante a pandemia foram feitas por atiradores “virgens”, que nunca haviam adquirido armas de fogo, segundo o Giffords. Isso pode ser preocupante, enfatiza o Guardian, já que a posse da arma pode ser a solução encontrada para manter algum senso de controle em meio à incerteza no trabalho, pânico e estresse psicológico – além de que o treinamento para o uso correto está reduzido por conta da pandemia.

Brasil

Enquanto isso, o número de armas no Brasil também disparou. Contudo, diferente dos Estados Unidos, não é o medo do coronavírus que incentiva a tendência, mas o próprio presidente.

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O relaxamento da legislação sobre posse de armas era uma promessa fundamental da campanha de Jair Bolsonaro em 2018 – 02/04/2019 (Reprodução/Instagram)

Jair Bolsonaro fez uma série de decretos que tornaram a compra de armas e munições mais fácil – além de desimpedir o acesso a armas cada vez mais poderosas, como fuzis de assalto semi-automáticos. Por consequência, houve um aumento de mais de 377% no fluxo de armamentos vindo da Áustria no primeiro semestre deste ano.

De acordo com o Ministério da Economia, a Glock, única fabricante austríaca que supre o país, exportou mais de 14,8 milhões de dólares em armas para terras tupiniquins em 2020, em comparação com cerca de 3,1 milhões de dólares no mesmo período do ano passado. Além disso, dados da Polícia Federal, obtidos pelo Guardian, mostram cerca de 60% das armas recém-registradas em seu banco de dados no primeiro trimestre deste ano eram para uso civil.

O relaxamento da legislação sobre posse de armas era uma promessa fundamental de sua campanha de 2018, para expandir o direito para aqueles que ele considera “cidadãos íntegros”. Um de seus decretos aumentou de 16 para 60 o número permitido de armas por pessoa.

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Durante uma reunião ministerial no final de abril, cujo vídeo foi divulgado pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente deixou suas intenções claras. Em referência às ordens de quarentena por governos locais à população, para aplacar a disseminação do coronavírus, Bolsonaro disse que queria “todos armados”, já que “pessoas armadas nunca serão escravizadas”.

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