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Americana é perdoada por matar abusador que a comprou aos 16 anos

Cyntoia Brown, de 30 anos, foi condenada à prisão perpétua aos 16; teria direito de pedir liberdade condicional apenas em 2055

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h58 - Publicado em 8 jan 2019, 15h58

Cyntoia Denise Brown, de 30 anos, condenada à prisão perpétua pelo assassinato do homem que a comprou para prostituí-la aos 16 anos, recebeu o perdão judicial, anunciou na segunda-feira 7 a equipe do governador do Tennessee, Bill Haslam. Brown ganhará o indulto no dia 7 de agosto, depois de quinze anos presa.

“Esta decisão foi tomada depois de cuidadosa ponderação a respeito de um caso complexo e trágico”, disse Haslam por meio de comunicado. “Cyntoia Brown confessou ter cometido um crime horrível aos 16 anos. Entretanto, impor prisão perpétua a uma adolescente, o que exigiria pelo menos 51 anos de prisão antes mesmo de um pedido de condicional, é algo muito pesado, especialmente diante do caminho que a senhora Brown tem tomado para reconstruir sua vida. A transformação deveria ser acompanhada de esperança.” 

O caso de Brown chamou a atenção de diversos nomes famosos, que passaram a pedir por clemência, incluindo congressistas, legisladores do Tennessee e celebridades. A comediante Amy Schumer, a influenciadora Kim Kardashian West e a atriz Ashley Judd estão entre os que defenderam sua liberdade.

Novos protocolos

Em 2004, Brown matou Johnny Mitchell Allen que, segundo ela, pagou-lhe por uma noite de relações sexuais. Os promotores alegaram na época que teria sido latrocínio, e não um caso de defesa pessoal, já que a jovem havia atirado na cabeça do homem enquanto ele dormia, roubado seu dinheiro e armas e fugido com seu caminhão.

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Brown alegou que o comportamento de Allen fez com que ela temesse por sua vida e que pegou o dinheiro por medo de enfrentar seu aliciador, apelidado de “Corta Garganta”, sem o dinheiro esperado.

Uma corte juvenil considerou Brown capaz de ser julgada como adulta. Ela foi condenada à prisão perpétua por homicídio e roubo. Mais tarde, os protocolos em casos envolvendo adolescentes foram alterados no Tennessee. Um documentário inspirado no julgamento dela ajudou o estado americano a formular uma nova visão sobre as vítimas de tráfico sexual, principalmente as menores de idade. 

“As transcrições antigas sobre o caso de Cyntoia estão repletas da frase ‘prostituta adolescente'”, contou Derri Smith, fundador da organização End Slavery Tennesssee.”Mas nós sabemos que não existe ‘prostituta adolescente’, porque essa jovem pode até pensar que foi sua ideia ser estuprada várias vezes por dia e dar dinheiro a outro, mas é bem claro que existe um adulto por trás manipulando-a e explorando-a”, declarou à CNN.
Em um documentário produzido sobre a vida de Cyntoia Brown, em 2011, foram reveladas evidências de que ela sofria de Síndrome do Alcoolismo Fetal, que pode causar danos ao cérebro. O júri que a condenou em 2001 nunca tivera acesso a essa evidência. Sua mãe também admitiu que fazia uso abusivo de álcool enquanto estava grávida, de acordo com os registros de um recurso de 2014.
Brown passou quase toda a sua vida adulta atrás das grades, mas seus advogados garantem que ela conseguiu se transformar durante esses anos. “Ela está há anos- luz, como mulher, da jovem traumatizada de 16 anos que já foi”, diz Smith. “Ela está dando aula a jovens infratores, tentando conseguir um diploma de faculdade e planejando uma organização não governamental para ajudar mais adolescentes.”
Yntoia recebeu um diploma técnico da Lipscomb University, em 2015. De acordo com Smith, está caminhando para um diploma de bacharelado enquanto ainda está presa e também colabora com o Sistema de Justiça Juvenil do Tennessee no aconselhamento de jovens em risco.
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