Alemanha enviará comitiva aos EUA para pedir explicações sobre espionagem
Segundo imprensa alemã, delegação incluirá altos funcionários do serviço secreto do país. A decisão foi tomada após reunião do ministro alemão das Relações Exteriores com o embaixador dos Estados Unidos em Berlim
A Alemanha iniciou uma ofensiva diplomática em resposta à denúncia de que o governo dos Estados Unidos monitorou o telefone celular da chanceler Angela Merkel, informou a imprensa alemã neste sábado. Representantes de altos postos do governo da Alemanha viajarão aos Estados Unidos na próxima semana para exigir explicações da Casa Branca e da Agência de Segurança Nacional (NSA) sobre o assunto.
Segundo jornais alemães, a delegação incluirá altos funcionários do serviço secreto alemão. Na quinta-feira, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, se reuniu com o embaixador dos Estados Unidos em Berlim, John B. Emerson.
Há meses, documentos vazados pelo ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden revelaram a máquina de monitoramento montada pela inteligência americana. Nesta semana, dos arquivos de Snowden surgiram novas denúncias, entre elas a de que 35 líderes globais estiveram no radar dos americanos.
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No momento em que opositores acusam Merkel de minimizar o escândalo, o partido social-democrata SPD mencionou a possibilidade de interromper temporariamente as negociações sobre um possível acordo de livre comércio com os Estados Unidos. A chanceler, contudo, não apoiou a iniciativa.
Resolução – Paralelamente, a Alemanha prepara, em conjunto com o Brasil, uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a proteção das liberdades individuais, informaram fontes diplomáticas da organização. A resolução, que seria apresentada à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Geral da ONU, não mencionará especificamente os Estados Unidos e buscará ampliar o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos aprovado em 1966 para que alcance também atividades on-line.
Além da França, Alemanha e Brasil, outros países europeus, como Bélgica, Itália e Espanha, e latino-americanos, como México, também foram alvo da NSA, segundo os documentos vazados pelo ex-técnico da CIA.
A espionagem tomou boa parte das conversas dos 28 chefes de governo da União Europeia (UE) ao longo de dois dias de reunião de cúpula em Bruxelas, concluída na sexta-feira. “Não se espionam os amigos”, disse Merkel em Bruxelas, indignada.
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(com agências France-Presse e Estadão Conteúdo)