Ahmadinejad começa na Venezuela viagem pela A.Latina

Caracas, 8 jan (EFE).- O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chegou neste domingo a Caracas no início de uma viagem de cinco dias pela América Latina em um momento em que a comunidade internacional aumenta a pressão contra Teerã por causa de seu programa nuclear.
O líder iraniano, acompanhado por uma comitiva de uma centena de pessoas, segundo informou o canal estatal de televisão ‘VTV’, foi recebido pelo vice-presidente Executivo venezuelano, Elías Jaua, a sua chegada ao aeroporto de Maiquetía.
Entre os membros da delegação que acompanham Ahmadinejad, que não fez declarações no aeroporto, estão o ministro de Exteriores, Ali Akbar Salehi; o de Comércio, Indústria e Minas, Mehdi Gazanfari; o de Energia, Majid Namju; e o de Economia, Seyed Shamsedin Hosseini.
Está previsto que o presidente iraniano se reúna nesta segunda-feira com seu anfitrião, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e que no dia seguinte viaje à Nicarágua para participar da posse de Daniel Ortega. Posteriormente viajará para Cuba e Equador.
Antes de iniciar sua viagem, Ahmadinejad anunciou no aeroporto Mehrabad que as relações de Irã e América Latina ‘são muito boas e estão em vias de desenvolvimento’.
‘A cultura dos povos dessa região e suas demandas históricas são parecidas às do povo iraniano’, declarou a agência iraniana, ‘Irna’.
‘O povo da América Latina teve um pensamento anticolonial e agora se levantou e resiste frente aos excessos do regime de opressão’, afirmou o presidente iraniano em referência aos Estados Unidos.
Também o presidente venezuelano se referiu à visita de Ahmadinejad em seu programa dominical Alô Presidente advertindo aos EUA que suas recomendações aos países da região sobre o Governo persa causam riso.
O presidente venezuelano assegurou que os EUA estão desesperados para dominar o mundo e reiterou que ‘não vão poder’.
‘Esqueça Obama, esqueça, dedique-se mais aos problemas de seu país que são muitos; mas nós somos livres, os povos da América Latina nunca mais estarão envolvidos e dominados pelo império ianque, nunca mais’, acrescentou Chávez.
‘Os iranianos desenvolveram não sei quanta tecnologia de defesa (…) e está o império tentando freá-los utilizando como desculpa o desenvolvimento da energia nuclear com fins pacíficos, e a Rússia também’, disse.
Também denunciou que ‘andam inventando que o Irã a partir da Venezuela, de Cuba, da Nicarágua, está preparando ataques contra os Estados Unidos’.
Nesse sentido, advertiu que é preciso ver essa situação ‘com cuidado’, pois se trata, assegurou, de uma ameaça contra seu país e contra a América Latina.
Esta viagem é prévia a que o Conselho de Ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) decida, no próximo dia 30, possíveis sanções ao Irã por sua recusa em colaborar com a comunidade internacional sobre seu programa nuclear.
Parte da comunidade internacional, com os EUA à frente, acredita que o programa nuclear iraniano tem uma vertente militar destinada a fabricar bombas atômicas, algo que Teerã nega, assegurando que é um projeto exclusivamente civil e com fins pacíficos.
No entanto, a tensão cresceu no Golfo Pérsico nas últimas semanas devido às manobras navais e aos lançamentos de mísseis perto do Estreito de Ormuz realizados pelo Irã e ao aumento da presença naval americana na região.
A visita do presidente iraniano permite no plano bilateral realizar o encontro adiado em setembro do ano passado, quando Ahmadinejad teve que suspender uma viagem a Caracas por causa da indisposição para recebê-lo de Chávez, que em junho foi operado de um tumor cancerígeno.
Esta é a quinta visita a Caracas do presidente iraniano desde que chegou ao poder em 2005, e a primeira desde novembro de 2009.
Além disso, Ahmadinejad devolve a visita oficial que o líder sul-americano fez em outubro de 2010 ao Irã e que serviu para fortalecer a cooperação econômica, particularmente no setor energético. EFE