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‘Agressividade e repressão’, resume venezuelano ferido em protesto

Deputada da oposição denuncia prisão de 239 pessoas e 23 atos de violenta repressão das forças de Nicolás Maduro nos últimos dois dias

Por Leandro Resende, de Caracas
Atualizado em 2 Maio 2019, 17h13 - Publicado em 2 Maio 2019, 15h42

Desde terça-feira 30, quando o líder oposicionista Juan Guaidó convocou os cidadãos venezuelanos a saírem às ruas para pressionar o regime de Nicolás Maduro, ao menos quatro manifestantes foram mortos pelas forças de segurança e mais de 200 ficaram feridos em todo o país.

Jesus Sanz, de 30 anos, participou dos protestos e foi ferido nas costas por, pelo menos, nove tiros de bala de borracha. “Agressividade e repressão”, resume o venezuelano sobre o que encontrou nas ruas de Caracas ao expressar sua posição política.

Sanz é formado em administração e trabalha como bancário em uma agência na capital. Saiu sozinho para participar dos protestos da quarta-feira 1.

Após o fim dos protestos na praça Altamira, região de classe média alta de Caracas e ponto central da oposição, os manifestantes passaram a ser dispersados pela Guarda Nacional Bolivariana com jatos d’água, tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

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O que se viu foi uma verdadeira caçada dos militares venezuelanos contra os manifestantes. Aos gritos e aos disparos de armas, ora de fogo, ora de efeito moral, eles comandaram o afastamento dos grupos da região de Altamira. Quem ousasse olhar para trás era ameaçado.

Durante a repressão, Sanz foi atingido nas costas e no braço esquerdo. Ao lado de outros manifestantes, o bancário se abrigou na casa de uma moradora, que abrira o portão para os oposicionistas se protegerem.

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Por cerca de uma hora, a orientação coletiva era a de evitar movimentos bruscos e falar alto. Era possível ouvir o barulho de militares entrando em outras casas, em busca de pessoas que tivessem participado do protesto. Além, é claro, do onipresente som dos estampidos dos tiros e do cheiro do gás lacrimôgeneo, que em dado momento da tarde parecia ter coberto todo o bairro.

“Fizeram uma emboscada em cima de um grupo, vieram com muita agressividade e começaram a disparar. Só consegui correr”, relatou ele, enquanto era atendido por uma paramédica voluntária no abrigo improvisado.

“Não estavam nos reprimindo de forma pacífica, mas do jeito que se pensava que fariam: agressividade e repressão”, completou.

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Mais calmo, Sanz opinou sobre o cenário político: ecoou a corrente opinião entre os opositores de Maduro de que Guaidó é a “última esperança”. “É o que temos. E só nas ruas poderemos mostrar que estamos com ele”, resumiu.

“Mas acredito que tudo isso vale a pena por uma Venezuela livre. Uma Venezuela em que todos possamos recuperar o país que perdemos há muito tempo”, completou o bancário.

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Violência e prisões

O governo de Maduro não divulga dados oficiais sobre feridos e detidos em confrontos. A deputada de oposição Manuela Bolívar publicou em seu Twitter que ao menos 239 pessoas foram presas pelas forças bolivarianas nos protestos de 30 de abril e 1º de maio e que 23 atos tiveram represálias violentas em diferentes pontos do país.

Na terça-feira, Juan Guaidó afirmou contar com grande apoio de militares desertores, sobretudo de altos comandos, e declarou que tomaria o poder, dando início a uma nova onda de protestos e confrontos entre militares e apoiadores dos diferentes lados.

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O oposicionista convocou a população a sair às ruas todos os dias até que a ditadura de Maduro seja deposta. Também afirmou que organizará greves escalonadas entre as diferentes categorias de trabalhadores nos próximos dias, até que “uma greve geral seja alcançada”.

Até agora, contudo, nenhum militar de alta patente declarou publicamente seu apoio a Guaidó. O diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência Militar da Venezuela (Sebin), general Manuel Cristopher Figuera, foi preso na terça após a libertação de Leopoldo López, um dos mais conhecidos líderes da oposição venezuelana.

Figuera foi acusado pelo governo de ter jurado lealdade à oposição, mas não se pronunciou oficialmente sobre o caso antes de sua detenção.

Nesta quinta-feira, 2, Maduro participou de uma marcha ao lado de militares da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) em Caracas, em uma iniciativa de mostrar que ainda tem a lealdade dos comandantes e das tropas.

Aos militares, o presidente afirmou que “é hora de lutar e dar exemplo ao mundo”. O chavista também pediu que os soldados sejam “coerentes, leais e coesos” para derrotar as “tentativas de golpe” daqueles que “se vendem por dólares a Washington” e traem o país.

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