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Agressão de neonazista evidencia na Grécia a violência da extrema direita

Por Por Hélène Colliopoulou
8 jun 2012, 14h53

A agressão de um deputado do partido neonazista Chryssi Avghi (Aurora Dourada) contra duas deputadas em plena campanha eleitoral e diante das câmeras de TV foi um ato revelador para a opinião pública grega, depois de anos de tolerância à violência da extrema direita.

As imagens do porta-voz deste partido, Ilias Kasidiaris, batendo três vezes no rosto da deputada comunista Liana Kanelli durante um debate ao vivo na televisão realizado na quinta-feira provocaram comoção na classe política.

Instantes antes, Kasidiaris havia jogado um copo de água no rosto de outra deputada, Rena Dourou, do partido de esquerda Syriza.

O governo denunciou “categoricamente” um “ataque contra a democracia”, a quase uma semana das legislativas de 17 de junho.

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O avanço do Chryssi Avghi na eleição anterior, de 6 de maio, e sua participação no diálogo público “o fizeram sair da sombra e revelaram seu comportamento fascista, dissimulado até agora por sua quase-clandestinidade”, afirou à AFP Sophia Vidali, criminologista da universidade de Tracia (norte).

Acusado há anos por militantes dos direitos humanos de traduzir em fatos seus discurso xenófobo e antissemita, o Aurora Dourada obteve um resultado de menos de 1% nas eleições de 2009, fracassando em sua tentativa de entrar no Parlamento.

Mas, um ano depois, seu líder Nikos Mihaloliakos, que afirma ser seguidor do ditador fascista do pré-guerra Ioannis Metaxas e que, para a ocasião, escondeu suas referências hitleristas, foi eleito para o Conselho Municipal de Atenas.

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Beneficiando-se ao mesmo tempo “da tolerância social” e da cumplicidade policial, manifestadas nas ruas em ataques contra os imigrantes, o Aurora Dourada soube capitalizar “a inquietação e o medo diante da onda de imigração, da crise econômica e do empobrecimento”, considerou Vidali.

O Aurora Dourada apareceu nos anos 80, mas pouco depois adotou um perfil mais baixo depois de ser envolvido em uma tentativa de homicídio de um líder estudantil.

Depois reapareceu se infiltrando nos bairros desfavorecidos de Atenas onde se amontoam os imigrantes, que foram transformados assim em alvos de recorrentes caçadas humanas.

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Na quinta-feira, a Liga Grega dos Direitos Humanos denunciou mais uma vez, em uma carta ao ministro encarregado da polícia, “a impunidade” de que gozam os autores, destacando que isto “cria um clima de medo”.

Inclusive nos poucos processos que chegam à justiça, há uma demora em agir quando se trata de violência de cunho racista.

No fim de maio, o processo contra uma candidata do Aurora Dourada – por sua suposta participação em um ataque com faca em setembro de 2011 contra três afegãos – foi adiado pela sexta vez.

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O próprio Kasidiaris espera ser julgado por cumplicidade em um roubo a mão armada contra um estudante grego em 2007, mas seu processo, que deveria começar nesta semana, foi adiado para a próxima segunda-feira.

De qualquer forma, não está descartado que as agressões diante das câmeras de Kasidiaris, para o qual a promotoria pediu a detenção, “incitem ainda mais o uso da violência” em uma sociedade em crise, destacou Thanassis Diamantopulos, cientista político da universidade de Atenas.

“Nas redes sociais, não faltam manifestações de apoio a Kasidiaris”, disse.

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No entanto, espera-se “o seu isolamento no partido, depois do escândalo provocado”, e a autoexclusão de seus representantes das tribunas dos meios de comunicação”, anunciou na quinta-feira.

“O medo da violência pode jogar no dia 17 de junho contra o partido, para o qual as pesquisas já previam um estancamento, cerca de 4%, antes do incidente de quinta-feira, considerou.

A imprensa grega tanto de direita quanto de esquerda, que durante um longo tempo mostrou-se indiferente às mudanças de tom dos militantes da extrema direita, clamava nesta sexta-feira contra um “clima de violência e de vulgaridade”.

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