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Acusados por 11/9 dizem que sofreram tortura e confissões são inválidas

Advogados argumentam que o FBI não agiu de maneira isenta como se alega, após interrogatórios violentos realizados pela CIA

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2019, 10h44 - Publicado em 30 jul 2019, 10h31

Os advogados de cinco dos acusados de terem planejado os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos alegam que suas confissões não devem ser usadas no julgamento dos crimes, pois eles foram submetidos a tortura por agentes da CIA, com a participação do FBI, segundo o jornal The New York Times.

Após os ataques contra edifícios em Nova York, Washington e Pensilvânia, os Estados Unidos prenderam uma série de suspeitos, que estariam ligados à organização terrorista Al Qaeda. Entre os detidos estava Khalid Sheikh Mohammed, capturado no Paquistão em 2003 e considerado o principal mentor dos atentados.

Mohammed e outros quatro homens acusados de trabalharem juntos para planejar os ataques passaram por sessões de tortura durante interrogatórios realizados por agentes da CIA até 2006. Eles foram vítimas de afogamento, abuso retal, privação do sono e outras formas de violência.

Após a revelação dos métodos usados para obter as confissões, o conteúdo dos depoimentos dos terroristas não pode ser utilizado em um julgamento realizado em 2008 por uma comissão militar. Ainda assim, os promotores acusaram formalmente Khalid Sheikh Mohammed de ser o mentor dos ataques e cometer crimes de guerra.

Em 2006, os prisioneiros foram transferidos para a base da Baía de Guantánamo, onde os Estados Unidos mantêm a maior parte dos acusados por terrorismo.

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Alguns meses após a chegada à prisão, o governo do então presidente George W. Bush pediu que o FBI passasse a conduzir os interrogatórios com os suspeitos, para obter confissões presumivelmente legais. Os agentes designados ficaram conhecidos como “clean teams” (times limpos, em inglês).

Segundo os advogados dos acusados, contudo, as equipes formadas no governo Bush não eram absolutamente “limpas”. Eles alegam possuir provas de que a CIA continuou a interferir no caso depois de os prisioneiros terem sido enviados para Guantánamo.

Dizem ainda que o FBI desempenhou um papel importante nos interrogatórios conduzidos pela CIA até 2006, nos quais os terroristas foram vítimas de tortura. Segundo os advogados, agentes da Polícia Federal americana teriam, inclusive, enviados perguntas para a agência de inteligência.

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Segundo o New York Times, a defesa argumenta que não há nitidez a respeito de quais confissões foram feitas em cada uma das circunstâncias e para quais agentes. Os advogados pedem então que as declarações dadas pelos suspeitos ao FBI também sejam descartadas como inadmissíveis.

“Essas equipes limpas eram uma ficção desde o início”, disse Cheryl Borman, advogada de Waleed Mohammed Bin Attash, saudita acusado de ser o suplente de Mohammed na conspiração, ao jornal americano. “Não havia nenhuma separação. Formavam todos uma grande equipe”

Ainda de acordo com o New York Times, a primeira informação pública sobre a colaboração entre FBI e CIA nos interrogatórios dos cinco supostos conspiradores de 11 de setembro surgiu numa audiência preliminar em dezembro de 2017.

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Na época, a agente especial do FBI aposentada, Abigail L. Perkins, admitiu ter examinado algumas declarações dadas por um dos acusados à CIA antes de interrogá-lo.

Ela afirmou ainda que embora os terroristas fossem mantidos incomunicáveis na CIA, o FBI forneceu perguntas aos interrogadores da agência de inteligência para serem feitas aos detidos.

Uma transcrição parcial de uma audiência de segurança nacional realizada em 2018 em Guantánamo mostra também que agentes do FBI interrogaram um dos suspeitos, Mustafa Al Hawsawi, durante a época em que foi mantido nas prisões secretas da CIA, mas esconderam sua afiliação dele.

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O caso de Khalid Sheikh Mohammed e dos outros quatro homens presos por ligação com a Al Qaeda e com os atentados de 11 de setembro está amarrado com audiências preliminares desde 2012 e irá a julgamento antes do próximo ano.

Agora, o novo juiz que assumiu o caso pretende analisar novamente se os interrogatórios dos cinco acusados feitos pelo FBI devem ser admitidos como prova no julgamento. Audiências sobre a questão estão previstas para começar em setembro, segundo o New York Times.

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