O líder do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, afirmou nesta terça-feira que 1.027 prisioneiros palestinos, incluindo 27 mulheres, serão libertados em troca do soldado franco-israelense Gilad Shalit, em virtude de um acordo concluído com Israel.
“Hamas e Israel chegaram a um acordo em virtude do qual 1.027 palestinos, entre eles 27 mulheres, serão libertados em duas fases”, declarou Mechaal durante uma entrevista coletiva à imprensa transmitida pelas televisões árabes.
Mechaal, que agradeceu ao Egito por sua participação neste acordo que ele classificou de “grande realização”, indicou que 450 prisioneiros serão libertados “em uma semana” e que 550 outros, “em dois meses”.
“É uma grande realização, é um êxito qualitativo”, disse Mechaal, chefe do gabinete político do movimento islamita palestino. “Em virtude do acordo, não resta mais nenhuma mulher nas prisões do inimigo”, disse o líder palestino.
O acordo de troca envolve “315 prisioneiros condenados à prisão perpétua e outros que cumpriam penas de mais de 10 anos”.
Marwane Barghuthi, um dos líderes da Intifada dos anos 2000, e o chefe da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP, esquerda radical) Ahmad Saadate, condenados respectivamente à prisão perpétua e a 30 anos de prisão por Israel, foram libertados nos termos deste acordo, indicou à AFP um alto funcionário palestino.
Em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça à noite que havia apresentado a seu governo um acordo que permitirá o retorno “em alguns dias” a Israel de Shalit.
“Apresentei ao governo um acordo que devolverá Gilad Shalit são e salvo a seus pais e a todo o povo de Israel em alguns dias”, explicou Netanyahu.
“Este acordo foi concluído na quinta-feira (passada) e assinado definitivamente hoje”, indicou.
O primeiro-ministro afirmou que houve “negociações difíceis” e considerou que aproveitou “uma oportunidade” concluindo este acordo.
Assim como Mechaal, Netanyahu também agradeceu ao Egito por seus esforços de mediação.
Este acordo deve ser ainda aprovado em uma votação do governo israelense que se reuniu em sessão urgente nesta terça-feira à noite.
Além de Netanyahu e de seu ministro da Defesa, Ehud Barak, o chefe do Estado-Maior, Benny Gantz, o líder do Shin Beth, Yoram Cohen, e o chefe do Mossad, Tamir Pardo, são todos favoráveis ao acordo com o Hamas, indicou a televisão pública israelense.
O soldado Gilad Shalit está preso em Gaza desde 2006 após o seu sequestro por grupos armados palestinos.
Em viagem pela América Latina, o presidente palestino Mahmud Abbas saudou este acordo.
“O presidente Abbas saúda calorosamente a conclusão de um acordo de troca (de prisioneiros) que é um êxito nacional palestino”, declarou à AFP o negociador Saeb Erakat por telefone de Caracas, onde acompanha o líder palestino.